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Jornada discute legado africano nas Américas

Iniciativa da professora e pesquisadora Andrea Adour com apoio do Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Música (PPGM), acontece dias 21 e 22 de novembro a segunda edição da Jornada Africanias UFRJ. Com extensa programação, o evento congregará músicos e pesquisadores do Brasil e do Exterior com intuito de compartilhar saberes acerca legado africano nas Américas.

Andrea coordena o Grupo de Pesquisas Africanias, que conta com a participação de pesquisadores de diferentes áreas e instituições. Vinculado ao PPGM, propõe, através do estudo sistemático, a compreensão da presença africana nos diferentes gêneros da música brasileira.

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 Etnolinguista, professora e pesquisadora Yeda Pessoa de Castro.

Este ano a Jornada, que reúne recitais, palestras, mesas-redondas, comunicações e outras iniciativas, homenageará a etnolinguista Yeda Pessoa de Castro, que proferirá também uma aguardada conferência no primeiro dia do evento. É de sua autoria a conceituação do termo africania, a partir de proposta de Nina Friedemann: "podemos entender marcas de africanias como a bagagem cultural submergida no inconsciente iconográfico do contingente humano negro-africano entrado no Brasil em escravidão, que se faz perceptível na língua, na música, na dança, na religiosidade, no modo de ser e de ver o mundo, e, no decorrer dos séculos, como forma de resistência e de continuidade na opressão, transformaram-se e converteram-se em matrizes partícipes da construção de um novo sistema cultural e linguístico que nos identifica como brasileiros".

Professora aposentada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) Yeda Pessoa é, atualmente, consultora técnica e professora na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), estando à frente do Núcleo de Estudos Africanos e Afrobrasileiros em Línguas e Culturas (NGEALC), do qual é fundadora. A importância das suas pesquisas, resultado de mais de trinta anos de investigação participante nos dos lados do Atlântico, mereceu reconhecimento internacional. Tem proferido conferências em congressos internacionais em vários países, a convite da ONU, da UNESCO e de várias instituições acadêmicas. Com trabalhos seminais, entre eles Falares Africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro, considerado pela crítica o mais completo a respeito de línguas africanas no Brasil, e A língua mina-jeje no Brasil: um falar africano em Ouro Preto do séc. XVII, sua obra renova os estudos afro-brasileiros ao evidenciar a extensão da influência banto no Brasil e introduzir a participação de falantes africanos na formação do português brasileiro.

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 Soprano Zaíra de Oliveira.

A programação, que pode ser consultada em detalhes no final da matéria, homenageia também a soprano Zaíra de Oliveira (1891-1951), considerada pelo embaixador Paschoal Carlos Magno uma das maiores cantoras negras do mundo. Soprano, teve formação clássica, tendo cursado canto lírico no Instituto Nacional de Música, atual Escola Nacional de Música, mas também cantou música popular. Recebeu a medalha de ouro no Instituto Nacional de Música e, uma curiosidade, participou da inauguração do Salão Leopoldo Miguez. Em dezembro de 1921 participou de um concurso realizado na Escola de Música, onde recebeu o primeiro lugar, porém não lhe foi concedido o prêmio, que consistia numa viagem à Europa, segundo vários autores por conta do racismo.

Gravou seu primeiro disco (1924), e no ano seguinte participou de festivais artísticos, dos quais o do Teatro Municipal de Niterói, onde cantou "Tosca", de Puccini, "Berceuse", de Alberto Nepomuceno e "Schiavo", de Carlos Gomes, além de "A despedida" e "Cantiga praiana" de Eduardo Souto, com letras de Bastos Tigre e Vicente Carvalho. Apresentou-se também no Casino Copacabana Palace ao lado de Catulo da Paixão Cearense e Gastão Formenti. Seu maior êxito como cabtora popular foi a marcha carnavalesca "Dondoca" (José Francisco de Freitas), em 1927, ao lado de J. Gomes Filho. No início da década de 30, passou a se apresentar na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, acompanhada pelo regional de Canhoto. Em 1932 casou-se com o violonista e compositor Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos) e tiveram uma filha, Lígia. Zaíra cantou ainda em vários coros de igrejas.

A organização da Jornada conta com uma comissão científica, composta por Alberto Pacheco, Andrea Adour, Lenine Santos, Veruschka Mainhard e Victor Abalada; e uma comissão artística integrada por Alberto Pacheco, Andrea Adour, Lenine Santos, Veruschka Mainhard, Victor Abalada e Regina Meirelles.

SERVIÇO
Salão Leopoldo Miguez | Sala da Congregação da Escola de Música. Prédio I, Rua do Passeio, 98, Lapa - Rio de Janeiro - RJ. CEP: 20.021-290. Edifício Ventura Corporate Towers, Avenida República do Chile, 330, 21º andar, Torre Leste; CEP 20031-170.

PROGRAMAÇÃO

Correspondência

Escola de Música da UFRJ
Edifício Ventura Corporate Towers
Av. República do Chile, 330
21o andar, Torre Leste
Centro - Rio de Janeiro, RJ
CEP: 20.031-170

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