176 ANOS FORMANDO MÚSICOS DE EXCELÊNCIA

Histórias que o Projeto Ópera contou e outras que irá contar

Contar e ouvir histórias são atividades que o ser humano mantém de forma ininterrupta desde os rituais pré-históricos. Estão aí as séries e filmes nos serviços de streaming prestados por diferentes empresas, o compartilhamento de experiências vivenciadas por milhares de pessoas nos stories e feeds das mídias sociais da internet, assim como permanecem no ar as novelas das emissoras de TVs, impondo a milhares de pessoas no Brasil e no exterior um tipo de lazer, num horário a todos imposto.

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 Estreia da ópera O Engenheiro em Porto Alegre. Da esq. para dir.: Marcelo Jardim, coordenador dos projetos em parceria com a FUNARTE, o barítono David Marcondes que interpretou André Rebouças, André Cardoso, coordenador do SINOS, e o compositor Tim Rescala.

Mas, se esses espaços virtuais são criações relativamente recentes para que histórias possam ser contadas de novas maneiras, não podemos esquecer que no mundo da música sempre existiu um lugar dedicado à contação de histórias que, desde o final da Renascença, mantém a arte do canto como forma de as histórias serem contadas: a ópera.

E, por assim ser, o maestro André Cardoso, Coordenador do Projeto Ópera, com vista à incorporação de novos títulos desse gênero musical ao Repertório do Sistema Nacional de Orquestras Sociais- SINOS-, e objetivando a recuperação de óperas históricas através de suas  revisões,  orquestrações e editorações, transferiu a compositores, maestros e musicólogo de diferentes regiões do país a realização desses objetivos.

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 Elenco de O Basculho da Chaminé.
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Das solicitações feitas a compositores brasileiros, são quatro os novos títulos de óperas de câmara: O Engenheiro, O Machete, O Cabeça de Cuia e Candinho. Destes títulos, O Engenheiro com libreto e música de Tim Rescala-RJ-, que conta a história de vida do engenheiro André Rebouças; sua relação de amizade com a família imperial; sua posição em defesa da monarquia e sua opção pelo exílio, já foi incorporada ao Repertório SINOS, uma vez que sua estréia aconteceu nos dias 17 e 18 de outubro de 2021, no Theatro São Pedro de Porto Alegre. E depois, em uma segunda produção realizada pelo Projeto Ópera na UFRJ, foi encenada no ano de 2022, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e nas cidades de Petrópolis-RJ- e Juiz de Fora-MG-

A ópera O Machete com libreto e música do compositor André Mehmari-RJ-, inspirada em um conto homônimo de Machado de Assis, publicado no Jornal das Famílias em 1878, conta a vida do protagonista Inácio Ramos, um violoncelista que se torna melancólico e desinteressado de seu instrumento musical frente ao sucesso que Barbosa,  uma outra personagem, obtém nos saraus executando as melodias populares em seu machete (cavaquinho). No desenvolvimento  das ações, depois de ser abandonado pela esposa que foge com Barbosa, Inácio Ramos, por fim, enlouquece.  

Finalizada a sua composição, O Machete tem récitas marcadas para 22, 23, 24 e 25 de junho, no Theatro São Pedro-SP-.

Candinho é título da ópera de João Guilherme Ripper, professor do Departamento de Composição da Escola de Música da UFRJ. Nela, após pesquisa dos escritos, desenhos e pinturas de Candido Portinari, misturando a realidade com a ficção, o compositor conta a história da infância desse artista que se tornou um ícone da sua geração e detentor de reconhecimento internacional.

A ópera Candinho também foi concluída e será produzida em 2024.

Ao atender a encomenda feita pelo maestro André Cardoso, o compositor Eli-Eri Moura, professor de composição da Universidade da Paraíba optou por recuperar a lenda do  Cabeça de Cuia. Lenda que conta a história do jovem Crispim que enlouqueceu, após a mãe lhe amaldiçoar antes de morrer e acabou se afogando no Rio Parnaíba.

No libreto, o compositor estabelece um diálogo entre essa lenda da tradição popular do Estado do Piauí e a história da personagem Ismália do poema de mesmo nome do poeta mineiro Alphonsus de Guimaraens, que também, como Crispim, enlouquece e se joga da torre de uma igreja.

Essa ópera se encontra em processo de composição.

Das três óperas históricas cujo processo de revisão, orquestração e editoração coube aos maestros Mateus Araújo, Roberto Duarte e ao musicólogo Davi Crammer, duas delas já foram encenadas: A Noite de São João e O Basculho da Chaminé.

Depois que a partitura em seu formato original se perdeu, e, da ópera A Noite de São João ter restado apenas um manuscrito da redução de canto e piano, por encomenda do Sistema Nacional de Orquestras Sociais- SINOS-, o maestro Mateus Araujo produziu uma orquestração, para que essa ópera pudesse ser executada em seu formato original.

E, então, depois de mais de um século de sua estréia, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro em 1860, essa ópera que conta a história do amor secreto entre Carlos e Inês e da ajuda do santo no dia a ele consagrado, teve sua reestréia em dezembro de 2022, com regência do maestro Emanuele Baldini e direção cênica de Rosana Orsini, no Teatro Procópio Ferreira, do Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos Campos, em Tatuí-SP-.

Foi o musicólogo David Cranmer o responsável pela editoração do manuscrito original da ópera O Basculho da Chaminé, cujo manuscrito original faz parte do acervo da Biblioteca Alberto Nepomuceno, da Escola de Música da UFRJ. Essa ópera, que tem a música de Marcos Portugal e libreto de Giuseppe Maria Foppa, foi transmitida ao vivo pelo site da Orquestra de Ouro Preto em 2021. E, em 2022,em uma segunda produção,  a história do Barão de Monte Albor, que troca de identidade com o limpador de chaminés por desconfiar da fidelidade de sua esposa e da lealdade de seus criados, foi encenada presencialmente na Casa de Ópera de Ouro Preto-MG com regência do maestro Silvio Viegas e direção cênica de Juliano Mendes.

A outra ópera cujo manuscrito original faz também parte do acervo da Biblioteca Alberto Nepomuceno é Pelo Amor, exemplo da ópera brasileira do período romântico que conta a história da condessa Malvina, que não suportando a morte do marido se suicida. A música é do compositor Leopoldo Miguéz e o libreto de Coelho Netto, que definiu essa ópera em dois atos como um poema dramático. Sob a responsabilidade do maestro Roberto Duarte, essa ópera se encontra em processo de revisão e editoração.

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