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CA da Música emite nota sobre matéria de O Globo

O Centro Acadêmico da Escola de Música emitiu nesta quarta (11) nota sobre a matéria publicada na versão online do jornal O Globo, em 05/09/2019intitulada “Música sacra afro-brasileira enfrenta resistência de alunos evangélicos na Escola de Música da UFRJ”.

A manifestação pode ser lida a seguir.
 

minerva200

 UNIVERSIDADE FEDERAL FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 

CENTRO ACADÊMICO DA ESCOLA DE MÚSICA

NOTA ESTUDANTIL 

No dia 05 de Setembro de 2019, às 4h30, com atualização no dia seguinte, às 7h17, o jornal O Globo, em sua versão online, publicou uma reportagem cuja manchete enuncia: “Música sacra afro-brasileira enfrenta resistência de alunos evangélicos na Escola de Música da UFRJ”. Essa reportagem, infelizmente, desencadeou uma série de Fake News a respeito da prática do repertório citado e da metodologia empregada pelos professores da instituição. Uma delas, por exemplo, repercute o caso como se uma professora obrigasse os alunos a executar peças que ferissem suas crenças religiosas, não restando outra alternativa senão o trancamento da matrícula do curso.

O Centro Acadêmico da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAEM – UFRJ) discorda de declarações como as proferidas por esse portal. Nós, alunos da universidade, presenciamos diariamente que a laicidade da UFRJ – a maior universidade do Brasil –, e da Escola de Música – instituição quase bicentenária por onde passaram grandes nomes da música nacional e internacional – são garantidas não só pela pesquisa e prática de obras relacionadas às mais variadas religiões, como também pelo respeito à liberdade de não execução, por parte de alunos, professores e funcionários, de peças que firam suas respectivas fés, conforme o artigo 5º da Constituição Federal de 1988.

Vale mencionar que disciplinas como Canto Coral e Música de Câmara são ministradas por mais de um professor, sendo direito do aluno inscrever-se na matéria orientada pelo docente de sua predileção, visto que cada docente possui autonomia no emprego de metodologias e na realização de avaliações. Ao mesmo tempo, as ementas são disponibilizadas através do Sistema Integrado de Gestão Acadêmica da Universidade (SIGA – UFRJ), sendo de responsabilidade do aluno o conhecimento prévio do objeto de estudo de uma disciplina no ato de inscrição na mesma. Salientamos também que o grupo de pesquisa Africanias e o conjunto Sacravox, mencionados na matéria do jornal O Globo, são projetos de extensão e, portanto, não são de participação obrigatória dos alunos.

Temos consciência do processo histórico – violento e hostil – de apagamento que as religiões afro-brasileiras sofreram devido ao racismo que, até os dias de hoje, encontra-se estruturalmente presente em nossa sociedade. Nesta semana, o jornal EXTRA denunciou mais um episódio de perseguição a essas religiões: houve ocupação e saqueamento de terreiros na cidade de Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro. Esse processo é responsável pela desinformação e, consequentemente, criação de preconceitos acerca destas manifestações tão presentes em nosso país.

Esta representação discente acredita que o dever da universidade pública enquanto instituição que agrega alunos de perspectivas e histórias diferentes, é elucidar esse processo e promover o debate para que possamos combater o ódio com a consciência. Por isso, convidamos todos e todas a participarem da roda de conversa que realizaremos, em breve, a respeito do tema da laicidade e da diferenciação entre práticas ritualísitas e execução de repertório sacro em sua qualidade de manifestação artística e cultural. Ajudem-nos a construir um debate plural, respeitoso e frutífero, em prol de uma sociedade mais esclarecida, tolerante e democrática. 

Rio de Janeiro, 11 de Setembro de 2019
Centro Acadêmico da Escola de Música da UFRJ.

Correspondência

Escola de Música da UFRJ
Edifício Ventura Corporate Towers
Av. República do Chile, 330
21o andar, Torre Leste
Centro - Rio de Janeiro, RJ
CEP: 20.031-170

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