176 ANOS FORMANDO MÚSICOS DE EXCELÊNCIA

Cordas da UFRJ interpretam Mignone, Antunes e Lucas no quarto Concerto Sinos

A quarta apresentação da série Concerto Sinos já está disponível aqui no site do Sistema Nacional de Orquestras Sociais, projeto resultado de uma parceria entre a Funarte e a UFRJ, com as cordas da Orquestra Sinfônica da UFRJ interpretando obras dos compositores brasileiros Francisco Mignone, Jorge Antunes e Marcos Lucas.

O programa se inicia com Miudinho, de Mignone, com regência de André Cardoso, professor da UFRJ e coordenador do Sinos. E prossegue com a Suíte Folia de Reis, de Jorge Antunes, composta por encomenda do Sinos – e especialmente elaborada de acordo com o nível dos jovens músicos das orquestras sociais e aqui executada pela primeira vez em público. A regência é de Tobias Volkman.

Fechando o concerto, também sob a batuta de Tobias Volkman, as cordas da OSURFJ interpretam Pequena Suíte para Cordas, de Marcos Lucas, igualmente composta por encomenda do Sinos e tocada pela primeira vez em público.

Os Concertos Sinos foram criados para veicular a produção artística dos projetos sociais, das orquestras brasileiras e do próprio Sistema Nacional das Orquestras Sociais. Por meio da série, são também apresentadas ao público, em concertos presenciais ou virtuais, as obras criadas e editadas para o Repertório Sinos, ação que disponibiliza obras de compositores brasileiros de diferentes épocas e de todas as regiões do país. Concertos Sinos conta com a participação de diversas orquestras, solistas e maestros brasileiros, assim como de alguns dos compositores, que também participam com breves comentários sobre suas obras.

A série está também vinculada ao Projeto Orquestra, uma das linhas de ação do Sinos, que promove a capacitação de alunos na prática de conjunto, com a abordagem do repertório brasileiro e universal sob a orientação de professores de instrumentos e de regência.

Este e os outros Concertos Sinos estão disponíveis no site do projeto (www.sinos.art.br).

Autores e obras

Francisco Mignone nasceu em São Paulo, em 1897, e iniciou seus estudos de flauta com o pai, Alfério Mignone. Diplomado em flauta, piano e composição pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, em 1917, em sua juventude produziu música popular e de salão, que assinava com o pseudônimo de Chico Bororó. Suas primeiras obras orquestrais estrearam em 1918, no Teatro Municipal de São Paulo, entre estas o poema sinfônico Caramuru(1917) e a Suíte campestre (1918).

Com uma bolsa concedida pelo Governo de São Paulo, Mignone viajou para Milão em 1920, onde estudou com Vincenzo Ferroni. Também na Itália, escreveu as óperas O contratador dos diamantes e L’Innocente. Passou ainda um período na Espanha, onde compôs a Suíte Asturiana (1928).

O compositor recebeu os primeiros prêmios nos concursos promovidos pela Sociedade de Concertos Sinfônicos de São Paulo, com Cenas da Roça (1923), Festa Dionisíaca (1923) e No sertão (1925). De volta ao Brasil em 1929, tornou-se professor do Conservatório Dramático e Musical, onde reencontrou o amigo Mario de Andrade, cuja pregação nacionalista foi importante para sua reorientação estética. Em 1933, radicou-se no Rio de Janeiro, assumindo o posto de professor de regência do Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ.

Entre 1937 e 1938 realizou concertos na Europa, regendo a Filarmônica de Berlim e a RAI de Roma. Foi diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, presidente da Academia Brasileira de Música e primeiro titular da Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC. Ao longo de sua carreira, recebeu diversos prêmios e honrarias como a Ordem do Rio Branco (1972) e o Prêmio Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro (1979).

Sua obra é extensa e abrange os mais diversos gêneros. No terreno orquestral, se destacam Festa das Igrejas (1940), os bailados Maracatu do Chico Rei (1933), Leilão (1941), Quincas Berro D’Água (1979) e O caçador de esmeraldas (1980), as quatro Fantasias Brasileiras para piano, os Concertinos para fagote e para clarineta (1957), o Concerto para piano (1958), a Sinfonia Tropical (1958), a Suíte Brasileira (1960) e as óperas O Chalaça (1972) e Sargento de Milícias (1980).

Francisco Mignone faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1986.

Jorge Antunes Antunes nasceu no Rio de Janeiro, em 1942, e em 1960 ingressou na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, mais tarde Escola de Música da UFRJ. Lá estudou violino com Carlos de Almeida, composição com José Siqueira e Henrique Morelenbaum e regência com Eleazar de Carvalho. Também na UFRJ, estudou Física e passou a se interessar pela música eletrônica – é o autor da primeira obra brasileira para sons eletrônicos, a Valsa Sideral, de 1962.

Em 1969, seguiu para Buenos Aires, onde estudou como bolsista do Centro Latino Americano de Altos Estudos Musicais do Instituto Torcuato Di Tella, tendo como orientadores, entre outros, Alberto Ginastera e Eric Salzman. Estudou ainda no Instituto de Sonologia da Universidade de Utrecht (Holanda) e junto ao Groupe de Recherches Musicales de l'ORTF, onde atuou sob a orientação de Pierre Schaeffer. No mesmo período iniciou seu curso de Doutorado em Estética Musical na Sorbonne, Universidade de Paris VIII (França), sendo orientado por Daniel Charles.

Em 1973, assumiu a cadeira de composição no Departamento de Música da Universidade de Brasília, onde se aposentou como professor titular. Na capital do país organizou o GeMUnB (Grupo de Experimentação Musical da UNB) e coordenou vários projetos, como o Núcleo de Pesquisas Sonológicas, a Orquestra de Câmara da UnB e os Festivais de Música Contemporânea. Em 1993, sua obra Idiosynchronie foi distinguida com o Prêmio de Recomendação da Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO. Já Rimbaudiannisia MCMXCV foi encomendada pela Radio France e estreou no Festival Présences 95. No Brasil participou de diversas edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte e do Panorama da Música Brasileira Atual, da Escola de Música da UFRJ. Foi o primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica, em 1997. A obra de Antunes é diversificada e abrange os mais variados gêneros. No terreno orquestral podem ser citadas Elegia violeta para Monsenhor Romero (1980), Pedra de Cantaria (1985), Sinfonia em cinco movimentos (2000) e O massapê vivo (2009). Para cordas são Congadasein (1976) e Quatro Momentos Cromofônicos (1986). São vários títulos de óperas, com destaque para Olga (1995), baseada na vida da militante Olga Benário, A cartomante (2014) e O espelho (2015), ambas baseadas em contos de Machado de Assis.

Marcos Lucas nasceu no Rio de Janeiro em 1964 e formou-se em composição e educação musical pela UNIRIO. De 1995 a 1999, realizou PhD em Composição na Universidade de Manchester, Inglaterra. É professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO), onde também dirigiu, entre 2003 e 2018, o grupo de música contemporânea GNU. É membro do Prelúdio 21, grupo de compositores que, desde 1998, promove suas próprias obras através de concertos no Brasil e exterior. Tem sido professor e compositor residente em inúmeras universidades no exterior, incluindo a prestigiosa Indiana University, como bolsista da Fulbright Foundation (2017).

Seus trabalhos têm sido apresentados regularmente no Brasil e no exterior por conjuntos como London Sinfonietta, Paragon Ensemble Scotland, Gemini Ensemble, Janus Ensemble, Pierrot Lunaire Ensemble Wien, Lindsay String Quartet, Volante Winds, Kammerorchester Berliner Capella, Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica Nacional, ORSEM, Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Camerata Antiqua de Curitiba, Quarteto Radamés Gnattalli, entre outros. Sua música tem sido programada em importantes festivais, como ISCM World Music Days (Eslovênia), State of the Nation (Londres), Tres Cantos (Madri), Spazio 900 (Cremona), Encontro Internacional de Música de Câmera (Évora), Brasilien Trifft Berlin (Berlim), Bienal de Música Brasileira Contemporânea e Panorama da Música Brasileira Atual (UFRJ).

Em seu catálogo de obras destacam-se as óperas O Pescador e sua alma(2006), apresentada em Brasília (2006), no Rio de Janeiro (2007) e Recife (2015), e Stefan and Lotte in Paradise (2012), escrita em parceria com Alan Williams e estreada no Media City UK, complexo de tecnologias digitais da BBC em Salford-Inglaterra. Dentre as obras orquestrais destaca-se The Sleep of Reason, que conquistou o primeiro prêmio no VI Concurso Nacional Funarte de Composição Musical (2001) e Sortilégios,para violoncelo e cordas (2013), por encomenda da Funarte para a XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea, estreada em Berlim em 2019. É detentor de vários prêmios, o mais recente da Franz Liszt Foundation (Itália-2017).

Correspondência

Escola de Música da UFRJ
Edifício Ventura Corporate Towers
Av. República do Chile, 330
21o andar, Torre Leste
Centro - Rio de Janeiro, RJ
CEP: 20.031-170

  Catálogo de Setores (Endereços, telefones e e-mails)