La Serva Padrona em “Concertos UFRJ”

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.

Criada para ser apresentada despretensiosamente nos entreatos de outra peça, La Serva Padrona atraiu desde a estreia um grande público e se converteu numa referência para boa parte das óperas cômicas que se seguiram e que, não raro, aprofundaram e desenvolveram elementos que já estavam nela sugeridos. A obra mais conhecida de Pergolesi (1710 – 1736) é o tema de Concertos UFRJ que foi ao ar em 28 de março. Resultado de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ é veiculada toda segunda-feira, às 22h, pela emissora, na sintonia 94,1 FM, e conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ).

 

O compositor italiano Giovanni Battista Pergolesi (1710 – 1736) faleceu muito precocemente com apenas 26 anos e La Serva Padrona (A criada patroa) é a sua mais importante obra. Com libreto de Gennaro Maria Federico ela subiu ao palco pela primeira vez em 1733 no Teatro di San Bartolomeo, em Nápoles.

 

Rigorosamente falando La Serva Padrona não é uma ópera. Ela é melhor classificada  como um intermezzo, ou seja, um tipo de espetáculo que tinha lugar nos intervalos das óperas sérias. Pergolesi escreveu sua Serva Padrona para ser apresentada entre os atos de outra ópera de sua autoria, Il prigioner superbo. O próprio autor parece não se dar conta da originalidade da obra.

 

O intermezzo é uma forma dramática que se opõe à rigidez formal e à grandiloquência da ópera séria exatamente por sua função de entreter a plateia, adotando por isto enredos leves e uma simplicidade formal notável. A ópera séria, fruto da reforma do libreto proposta na virada dos séculos XVII e XVIII, advogava entre outras coisas uma rígida separação de gêneros e a eliminação das inserções cômicas, então muito comuns, nas peças dramáticas.  Nos intermezzos não encontraremos assuntos mitológicos ou da história clássica, nem heróis espetaculares ou mulheres sofredoras. Não estão presentes também os efeitos cênicos surpreendentes produzidos por aparatos cenográficos complexos.

 

O libreto de La Serva Padrona, cuja execução dura cerca de uma hora, põe em cena uma história doméstica simples e divertida, com um desfecho rápido e, até certo, ponto previsível, tratada com um mínimo de meios musicais: apenas dois cantores, para os papéis de Serpina e Uberto, e ainda um ator mudo, no papel do criado Vespone. A orquestra, por sua vez, é reduzida ao naipe de cordas e ao baixo contínuo. Composta por dois intermezzos se baseia nos personagens da commedia dell'arte e nos assuntos típicos da época: a esperteza das pessoas do povo triunfando sobre a avareza da burguesia. Tudo isso articulado numa divertida sátira social.

 

A peça foi o estopim de uma polemica que agitou os meios musicais franceses no período do barroco tardio, muito depois da morte de Pergolesi: a Querela dos Bufões. Em agosto de 1752, uma companhia itinerante de bufões italianos representou em Paris La Serva Padrona, no entreato da ópera Acis et Galatéia de Lully. Foi o suficiente para vir à tona a oposição, até então latente, entre os partidários da tradição lírica francesa e os defensores do estilo buffo italiano - tendo de um lado, os aristocratas, com Rameau como símbolo, e do outro, intelectuais e enciclopedistas, como Jean-Jacques Rousseau.

 

A polêmica ultrapassou o terreno da música e levou a uma discussão de ideias estéticas, culturais, filosóficas, e até políticas. Os partidários de Rameau defendiam a complexidade da harmonia e ornamentação da música francesa e combatiam o que consideravam música de entretenimento, enquanto os de Rousseau atacavam a retórica dos temas mitológicos que pouco diziam ao público burguês emergente e defendiam a simplicidade e naturalidade da ópera italiana. Tudo isso provocado pelo sucesso de La serva padrona.

 

A gravação veiculada traz a soprano Maddalena Bonifaccio no papel de Serpina e o baixo-barítono Siegmund Niemsgern como Uberto. O conjunto instrumental é o Collegium Aureum, grupo criado em 1962 por solistas e professores do Conservatório de Freiburg, na Alemanha, sem a presença de um regente.

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

 

Sinopse de La Serva Padrona

 

Giovanni Battista Pergolesi

Gennaro Maria Federico, libreto

capaservapadrona

Personagens

 

Uberto, um solteirão convicto, baixo.

Serpina, sua tirânica criada, soprano.

Vespone, criado, papel mudo.

 

A ação se desenvolve nos aposentos de Uberto, pela manhã.

 

Primeiro intermezzo

 

Uberto, um solteirão convicto, confronta-se com o comportamento pouco convencional e impertinente de sua criada Serpina, que assume ares de patroa mandando e desmandando em todos na casa. Desesperado, Uberto pede a Vespone, seu criado mudo, que lhe arranje uma noiva. Serpina aprova a decisão de Uberto, mas entende que é com ela que o patrão deve se casar e que por isso deve desde já ser tratada como patroa. O intermezzo termina com um dueto em que Serpina tenta convencer Uberto a se casar com ela, invocando as suas qualidades.

 

Segundo intermezzo

 

Encontramos Serpina tramando conquistar o solteirão Uberto. Com a colaboração forçada de Vespone inventa um pretendente: o temível capitão Tempestade, representado pelo próprio Vespone, que supostamente exige um dote para se casar com Serpina. Uberto, chocado com o valor, não concorda com o pagamento e decide ele mesmo desposar Serpina. Vespone tira seu disfarce e Uberto e Serpina acabam por confessar o mútuo amor. A serva finalmente se tornará a patroa.

 

A partitura e o libreto de La Serva Padrona podem ser consultados aqui.

    Programação de Abril

     

    Programa 35 – Dia 04 de abril – Especial Gerard Abiton

     

    Recital do violonista francês Gerard Abiton no festival “Violão: 30 anos na UFRJ”, gravado ao vivo no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música da UFRJ no dia 5 de outubro de 2010.

     

    1. D. SCARLATTI – Duas Sonatas (transcrição de Abiton)
    2. J. S. BACH - Suite BWV 998 (Prelúdio, Fuga e Allegro).
    3. ALBENIZ – “Espagne – Souvenir no. 2”
    4. S. ASSAD - “Aquarela” (Divertimento, Valseana e Prelúdio e tocatina).
    5. D. SCARLATTI – Duas Sonatas (transcrição de Abiton).

     

    Programa 36 – Dia 11 de abril – Grandes mestres da Escola de Música VI: Murillo Santos.


    Série que dedica um programa por mês a um antigo mestre da Escola de Música. O sexto programa terá como convidado especial o pianista e compositor Murillo Santos que falará de sua carreira e obras por ocasião de seus 80 anos.

     

    1. Canção de Amor, sobre texto de Alma Cunha de Miranda, com a soprano Ruth Staerk e Laís Figueiró ao piano.
    2. Duas Peças Populares para violino, violoncelo e piano em dois movimentos, Tempo de Valsa e Vivo, na interpretação do Trio Brasileiro, formado por Erich Leningher no violino, Watson Clis no violoncelo e Gilberto Tinetti ao piano.
    3. Música para Metais com o Quinteto Brasileiro de Metais.
    4. Valsa Elegante com o pianista Roberto Szidon..
    5. Suíte Infantil para piano a quatro mãos com as pianistas Patrícia Bretas e Josiane Kevorkian.
    6. Aleluia para coro a capela com o Coral Canto em Canto e a regência de Elza Lackschevitz.
    7. Missa Brevis para soprano, coro e orquestra com a soprano Carol McDavit, coro e Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ e a regência de Roberto Duarte.

     

    Programa 37 – Dia 18 de abril – Quinteto Experimental de Sopros da UFRJ em Karlsruhe.


    Concerto gravado ao vivo em 17 de dezembro de 2010 no Castelo de Gottesaue em Karlsruhe (Alemanha) contando com a participação de alunos da Universidade de Karlsruhe e da Uni-Rio e dedicado integralmente ao repertório de câmara de compositores brasileiros.

     

    1. H. VILLA-LOBOS – Choros no. 4 para três trompas e trombone com Daniel Lopez, Nicolai Oswald e Alessandro Jeremias nas trompas e por Everson Neves de Moraes no trombone.
    2. R. GNATTALI - Sonatina a 6 com Elya Levin na flauta, Davide Guarnieri no oboé, Daniel Lopez na trompa, Tim Ladewig no fagote e Lidja Pavlovic no piano e a participação de nosso aluno Diogo Lozza na clarineta.
    3. E. KRIEGER - Serenata a 5 com o Quinteto Experimental de Sopros da UFRJ formado por Milher Moraes na flauta, Juliana Bravin no oboé, Diogo Lozza na clarineta, Carlos Bertão no fagote e Alessandro Jeremias na trompa..
    4. L. GALLET - Sexteto para sopros e piano com o Quinteto Experimental de Sopros da UFRJ e a pianista Tatjana Prushinskaya, aluna da Universidade de Karlsruhe.
    5. M. TAVARES – Divertimento para 11 instrumentos de sopro com o Quinteto Experimental de Sopros da UFRJ e a pianista Tatjana Prushinskaya, aluna da Universidade de Karlsruhe. 

     

    Programa 38 – Dia 25 de abril – Ópera “Don Quixote nas bodas de Camacho” de George Phillip Telemann

     

    Um dos personagens mais queridos e famosos de toda a literatura mundial e genial criação do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616) o tragicômico “cavaleiro da triste figura” sempre seduziu os compositores e ao longo dos séculos suas aventuras foram traduzidas em música e transpostas para o palco na forma de suítes, poemas-sinfônicos, canções, óperas e ballets. Composta por Telemann em 1671 “Don Quixote nas Bodas de Camacho” será apresentada com Raimund Nolte (barítono) como Don Quixote, Michael Schopper (baixo) como Sancho Pansa, Silke Stapf (soprano) como Pedrillo, Mechtild Bach (soprano) como Grisóstomo, Heike Hallaschka (soprano) como Quiteria, Annette Kohler (mezzo) como Camacho e Karl-Heinz Brandt (tenor) como Basilio. O coro é da Academia de Música Antiga de Bremen e a orquestra é o conjunto La Stagione sob a direção de Michael Schneider.