A natureza sempre povoou a imaginação de poetas, escritores e artistas. Como não poderia deixar de ser, a de compositores e músicos também. Diversos deles, em épocas distintas e com base em técnicas, formações e pressupostos estéticos diferentes, nela se inspiraram. Mas foi sem dúvida a primavera, a estação do ano que mais chamou atenção e a que suscitou maior número de partituras.
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A forma como compositores representam a primavera foi tema da oitava edição de Concertos UFRJ, programa que vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na Roquette Pinto (FM 94,1). Apresentado por André Cardoso, regente e professor da Escola de Música (EM), é resultado de uma parceria da Escola com a rádio.
O famoso primeiro movimento das Quatro Estações do compositor Antonio Vivaldi (1678 - 1741), no qual o violino solo sugere um pastor alegremente despreocupado nos campos floridos, abre o programa. Não deixa de ser curioso lembrar que essa peça, das mais emblemáticas figurações musicais da primavera, somente no século passado voltou a frequentar as salas de concerto com assiduidade, pois a produção do músico italiano amargou longo período de esquecimento.
Se com Vivaldi estamos diante de uma construção tipicamente barroca, com Haydn (1792-1809), o próximo autor abordado em Concertos UFRJ, temos a concepção de um dos mais importantes nomes do período clássico. A primeira parte do seu oratório As Estações (em alemão Die Jahreszeiten) é dedicado à primavera. Baseado em libreto de Gottfried van Swieten, a partir do poema The Seasons, do poeta escocês James Thomson, tem como tema a descrição idílica das lides do campo ao longo do ano.
O programa segue com Robert Schumann (1810-1856), um dos mais característicos compositores românticos e do qual estamos comemorando este ano o bicentenário de nascimento. Não por acaso, ele assinalou com o subtítulo “Em plena Primavera”, o quarto movimento de sua primeira sinfonia, escrita em um período particularmente feliz da vida.
Representações de uma mesma representação, as duas obras seguintes abordadas em Concertos UFRJ mostram como compositores podem elaborar musicalmente de forma bem diversa as impressões provocadas por um mesmo quadro - no caso, La Primavera, do pintor Sandro Botticelli (Clique aqui para ver uma reprodução dele). A obra inspirou Debussy (1862-1918) a escrever uma Suíte Sinfônica denominda "Primavera" e Respighi (1879–1936) a dedicar-lhe o primeiro movimento do seu Trittico Botticelliano, em que comenta telas do mestre renascentista. Mas, ao contrário da explosão de cores da obra de Debussy, Respighi utiliza uma orquestração mais modesta e bem mais contida. Divergências tão marcantes mostram como as representações não se confundem com os objetos representados. São sempre construções e, assim, fortemente atravessadas por toda sorte de pressupostos e elaborações. Desta forma, cada representação carrega, implícita ou explicitamente, uma interpretação do representado.
A conhecidíssima valsa Vozes da Primavera, de Johann Strauss Jr, encerra alegremente o programa.
As edições de "Concertos UFRJ" podem ser acompanhado on line ou através do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto. Contatos por meio do correio eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Programa 6 – Dia 6 de setembro – O Padre Mestre Se hoje muitos reconhecem o "Aleijadinho" e Mestre Valentim como os mais geniais representantes do barroco brasileiro com certeza ignoram os nomes dos músicos que foram os compositores contemporâneos aos dois mestres escultores. Dentre os compositores brasileiros do período destaca-se o nome do Padre José Maurício Nunes Garcia, que deve ser colocado ao lado do "Aleijadinho" e de Mestre Valentim como um dos mais brilhantes artistas do período colonial e cuja obra é uma das mais importantes do patrimônio cultural brasileiro. • Gradual de Nossa Senhora "Virgo Dei Genitrix" com o Coral dos Canarinhos de Petrópolis, a Orquestra Sinfônica da UFRJ e a regência de Marco Aurélio Lischt. Programa 7 – Dia 13 de setembro – Ciclo Bach – Programa produzido pelo professor Paulo Peloso. Bach é um dos pilares da música de concerto universal e em 2010 é homenageado pelos 260 anos de sua morte. O programa apresenta uma visão eclética da obra de Bach, inclusive com algumas reinterpretações modernas, na semana do Ciclo Bach promovido pela Escola de Música em parceria com a Sala Cecília Meireles em concertos na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro. • Concerto em ré menor para dois violinos BWV 1043 (1º movimento) com a Academia de Música Antiga, Andrew Manze (regente e 1º violino) e Rachel Podger (2º violino). Programa 8 – Dia 20 de setembro – Representações da Primavera O mês de setembro nos traz uma nova estação do ano. Para alguns aquela mais diretamente ligada à natureza. Diversos compositores em diferentes épocas procuraram representar em música as belezas e a força da natureza e seus elementos. Uma das estações do ano que mais inspirou os compositores foi a Primavera e hoje, faltando poucos dias para seu início, traremos a você obras nela inspiradas. • Antonio VIVALDI – Primavera de As Quatro Estações. Programa 9 – Dia 27 de setembro – Panorama das Orquestras Brasileiras Sendo uma das mais representativas manifestações musicais da cultura ocidental, a orquestra sinfônica espalhou-se pelos quatro cantos do planeta como guardiã do grande repertório sinfônico de todos os tempos e como dínamo da vida musical contemporânea. Neste programa vamos conhecer um pouco do trabalho das principais orquestras brasileiras de diversas regiões. • José de ARAÚJO VIANNA – Prelúdio da ópera "Carmela" com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e a regência de Ion Bressan. |