Projeto Tributo homenageia Robert Schumann

Para lembrar os 160 anos do falecimento de Robert Schumann (1810-1856), uma das personalidades mais originais do romantismo musical alemão, o Projeto Tributo realiza na terça-feira (28) um recital com um punhado das mais interessantes obras de câmara do compositor. Coordenado pelo professor e pianista Luiz Senise, o espetáculo está marcado para as 18h30, na Sala da Congregação da Escola de Música. A entrada é franca.

 

 
Foto: Ana Liao
 Luiz Senise
 Senise idealizou o projeto que, há quase duas décadas, homenageia expoentes da música.

 O projeto existe desde 1998 e reverencia a memória de grandes compositores através de apresentações que oferecem um painel de sua produção em anos que evocam emblematicamente seu nascimento ou morte. Como faz questão de destacar o professor, "trata-se de uma genuína manifestação de apreço, respeito e gratidão por parte dos intérpretes aos artistas criadores, cuja obra permanece como um precioso legado, uma fonte viva de energia e prazer". Senise chama atenção para as ambivalências do romantismo de Schumann, marcado por oscilações frequentes de humor. Autor criativo e inovador, mas padecendo de um imenso desconforto com o mundo – estigma que assinalará grande parte dos escritores, artistas e intelectuais de sua geração. – No universo schumanniano povoado por múltiplos personagens, destaca-se a dicotomia conflitante entre Eusebius, introspectivo e sonhador, versus Florestan, impetuoso e ardente. É profunda a influência que exerce o piano em suas sinfonias e música de câmera. Suas canções são verdadeiras joias camerística e nelas, Schumann confia ao piano intermezzos e epílogos que completam e prolongam o conteúdo lírico e poético da melodia vocal. Além de Senise se apresentam no espetáculo Catarina Real Oliveira (piano), Luciano Magalhães (piano), Marco Catto (viola), Mateus Ceccato (violoncelo), Priscila Rato (violino) e Ricardo Tuttmann (tenor). Comentários estéticos de Paulo Peloso.

Schumann

 Foto: Reprodução
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 Robert com sua esposa Clara, famosa pianista e, como ele, compositora.
Robert Schumann nasceu em 1810 na cidade de Zwickau, Saxônia, Alemanha, no seio de uma família ilustrada – seu pai era livreiro e editor. Desde cedo manifestou ambições musicais e literárias e o ambiente artístico que desfrutou na infância foi fundamental para suas futuras atividades como compositor, editor e crítico musical. A literatura sempre foi para Schumann uma fonte de estímulo, especialmente autores como Shakespeare, Goethe, Hoffman, Schiller e Heine. Sua inspiração literária não se manifestou, porém, na forma da música de programa, como em Berlioz, mas na busca de uma integração perfeita entre texto poético e música – o que se observa nos seus ciclos de canções e faz dele legítimo herdeiro de Schubert. O compositor dedicou ao piano parte importante de sua produção mais criativa. Ela é resultado tanto de sua fértil inventividade melódica como dos sólidos conhecimentos da técnica do instrumento adquiridos com Friedrich Wieck, um severo professor que havia transformado sua filha, Clara, por quem Schumann acabará se apaixonando perdidamente, em grande virtuose do piano. Apesar de um atribulado romance, das oscilações frequentes de humor de Schumann e da ferrenha oposição do pai de Clara, casaram-se em 1840 após uma desgastante batalha judicial. Os primeiros anos de matrimônio são os mais criativos e prolíficos de sua atividade como compositor e os mais felizes de sua vida. Aos poucos, entretanto, as sombras da doença mental que acabará por consumi-lo descem. Nomeado regente de orquestra em Düsseldorf em 1850, a instabilidade o impede de desempenhar plenamente suas funções, culminando, quatro anos depois, com uma séria crise emocional, na qual o compositor se atira ao Reno, com intensão de pôr fim à vida. Resgatado, foi internado no asilo de Endenich, próximo da cidade. Schumann falece em 29 de julho de 1856 sem se recuperar e com apenas 46 anos de idade.

 

Tributo a Robert Schumann Dia 28 de junho, 18h30
Sala da Congregação Programa Robert Schumann – Des Abends (Da noite) e Aufscwhung (Impeto)
(1810-1856) Fantasiestücke opus 12 nº 1 e 2
Catarina Real Oliveira, piano Widmung opus 25 nº 1 ( Rückert )
Mondnacht opus 39 nº 5 ( Eichendorff)
Dichterliebe opus 48 (Heine)
Schöne Wiege meiner Leiden opus 24 nº 5 (Heine)
Die Beiden Grenadiere op 49 nº 1 (Heine)
Ricardo Tuttmann, tenor
Luiz Senise, piano Romance opus 28 nº 2
Luiz Senise, piano Quarteto opus 47, em mi bemol maior
I – Sostenuto assai – Allegro ma non tropo
II – Scherzo – Molto vivace
III – Andante cantabile
IV – Finale – Vivace
Priscila Rato, violino
Mateus Ceccato, violoncelo
Marco Catto, viola
Luciano Magalhães, piano Comentários estéticos

Prof. Dr. Paulo Peloso