Concertos UFRJ: Camargo Guarnieri

A edição da semana de Concertos UFRJ destaca Camargo Guarnieri. Compositor, pianista e maestro paulista foi, talvez, o mais emblemático sucessor de Villa-Lobos em nossa tradição nacionalista. Sua produção, que abarca os mais diversos gêneros e contabiliza mais de 700 obras, denuncia um criador informado e tecnicamente esmerado.

 

  
 
podcast

Ouça aqui o programa: 

 
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.

Mozart Camargo Guarnieri nasce em Tietê, interior de São Paulo, filho de imigrantes italianos. Aos 11 anos compõe sua primeira obra. Em 1923 muda-se com a família para a capital e ajuda no orçamento da família tocando piano em cinemas e cafés.

 

A partir de 1924 Guarnieri passou a estudar piano com Sá Pereira e Ernani Braga. De 1926 a 1930, composição e direção de orquestra com o italiano Lamberto Baldi. Ao mesmo tempo frequenta classes no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde mais tarde passa também a ensinar. Aos 21 conhece o escritor Mário de Andrade, seu mestre intelectual e amigo, a quem frequentemete submetia suas partituras.

 

Em 1938, viaja com bolsa de estudos concedida pelo governo de São Paulo. Volta depois de dois anos, após estourar a II Segunda Guerra Mundial.

 

Diferenciando-se de seus antecessores e mesmo de contemporâneos, Camargo Guarnieri não “veio” da música europeia para a brasileira, pelo contrário, iniciou-se já envolvido com o nacionalismo e com os ventos da Semana de Arte Moderna de 1922. Ao mesmo tempo grande apreciador da música de Brahms, devoto de Bach, e admirador de Mozart deixou de assinar seu primeiro nome em respeito ao mestre austríaco. “Acho que ninguém tem o direito mais de se chamar Mozart”, costumava dizer.

Guarnieri foi criador e diretor do Coral Paulistano, idealizou o 1º Festival de Campos do Jordão, foi diretor da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, regente titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica da USP desde a sua criação, em 1975, e membro fundador da Academia Brasileira de Música, da qual foi presidente. Regeu as mais importantes orquestras estrangeiras. Participou do júri dos mais destacados concursos internacionais, além de ter sido agraciado com inúmeros prêmios, condecorações e medalhas, somando mais de 100 títulos nacionais e estrangeiros, e ainda premiado em mais de 10 concursos nacionais e internacionais de composição.

O compositor faleceu em 13 de janeiro de 1993, aos 85 anos, em São Paulo, logo após ter sido agraciado com o prêmio “Gabriela Mistral”, pela OEA (Washington), com o título de “Maior Compositor Contemporâneo das Três Américas”.

 

Repertório

 

A primeira obra destacada pelo programa foi a quarta sinfonia, das seis que o compositor escreveu. Intitulada “Brasília” foi concebida em 1958 para um concurso que comemorava o primeiro ano de construção da nova capital. Indicado para o júri do certame, se viu obrigado a abandoná-la. Anos depois, em 1963, quando estava em Nova York, reviu os esboços e finalizou a partitura. A sinfonia, em apenas três movimento, foi dedicada a Leonard Bernstein, que entretanto nunca a regeu. Estreou em Portugal com a Orquestra Sinfônica de Lisboa sob a regência de Guarnieri a 29 de junho de 1964. Nesse mesmo ano, foi laureada pela Associação Paulista de Críticos Teatrais como “a melhor obra sinfônica” do ano. A versão transmitida foi a de John Neschling conduzindo a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).

 

O “Concerto para orquestra de Cordas e Percussão”, com o compositor regendo a Orquestra Sinfônica da USP, a segundo peça do programa, foi escrita em 1972, por encomenda da Orquestra Armonial de Pernambuco. Em dois movimentos, apresenta forte sotaque nordestino e modal.

 

Guarnieri escreveu uma série de obras que, como Villa-Lobos, chamou de Choros. O escrito para Violino e Orquestra, data de 1951 e foi dedicado à violinista Mariuccia Iacovino, que o estreou em Paris, no ano seguinte, com a Orchestre Nationale de la Radiodiffusion Française, dirigida por Eugène Bigot. São três movimentos interligados e a versão apresentada foi a de Luís Felipe como solista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e a regência de Lutero Rodrigues.

***

 

Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast, audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..