Concertos UFRJ: a música colonial do Rio de Janeiro

Concertos UFRJ encerram a série de quatro programas dedicada a musica no Brasil do período colonial. Nas edições anteriores foram abordadas as experiências de Minas Gerais, do Nordeste e de São Paulo, nesta semana o destaque são os compositores que viveram na virada do século XVII para o XVII no Rio de Janeiro – cidade elevada em 1763 à condição de capital da colônia por iniciativa do polêmico ministro português Marques de Pombal.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.

Infelizmente, quase nada restou do que aqui se escreveu na primeira metade dos setecentos, o que dificulta a compreensão da vida cultural da cidade e não permite uma avaliação mais cuidadosa de sua qualidade. São conhecidos os nomes de  alguns compositores, como Antônio Nunes de Siqueira, Salvador José de Almeida Farias e o Manuel da Silva Rosa, mas as sua obras acabaram perdidas. De Silva Rosa, por exemplo, a pesquisa musicológica conseguiu recuperar apenas uma peça para coro, que não foi, porém, gravada.

 

A obra carioca mais antiga com registro fonográfico parece ser a Antífona “Tota Pulcra es Maria”, de José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), compositor que já mereceu um especial de Concertos UFRJ. Escrita em 1783, quando o contava apenas 16 anos e destinada à novena de Nossa Senhora da Conceição, é a primeira partitura que se conhece deste músico extraordinário. O manuscrito, que faz parte do acervo da Biblioteca da Escola de Música da UFRJ, prevê um soprano solo, uma flauta solista e orquestra de cordas. A gravação veiculada foi a do conjunto Vox Brasiliensis dirigido por Ricardo Kanji.

 

Marcos Portugal (1762-1830), que se estabeleceu na cidade em 1811, a serviço do Príncipe-Regente, e aqui permaneceu mesmo após a partida de Dom João VI, representa um capítulo à parte. Sua influência foi enorme e marcou a cena musica como nenhum músico de seu tempo, além de estabelecer um padrão estético para os contemporâneos. Concertos UFRJ dedicaram recentemente dois programas à sua obra, aproveitando as comemorações, em 2012, dos 250 anos de seu nascimento. Portugal se destacou na Europa, sobretudo, como compositor de ópera. No Rio, acabou se dedicando mais música sacra. Dessa produção de cunho religioso sobressai o Requiem que escreveu em 1816 para os funerais de Dona Maria I. Desta obra, o programa apresentou os quatro números iniciais. A interpretação, a da Cia. Bachiana Brasileira, com a Orquestra Sinfônica da UFRJ dirigida pelo maestro Ricardo Rocha regendo.

 

O compositor e pianista austríaco Sigismund von Neukomm (1778-1858) foi um dos muitos músicos atraídos pelo florescimento cultural provocado pela presença da Corte. Veio com a comitiva do Duque de Luxemburgo, diplomata francês, e aqui ficou de 1816 a 1821 até retomar a vida de músico-errante, sempre curioso de países e terras estranhas. Entre nós escreveu peças de gêneros então pouco praticados, como a música de câmara, e foi pioneiro no aproveitamento de melodias populares brasileiras, a exemplo de sua fantasia L'amoureux, para flauta e pianoforte em três movimentos, de 1819. A obra desenvolve um tema de Joaquim Manoel Gado da Câmera, músico popular de quem, aliás, fará mais tarde a harmonização de 20 modinhas. A interpretação levada ao ar foi a de Rozana Lancelotti, ao pianoforte, e Ricardo Kanji, à flauta.

 

Encerrando a edição desta semana, o programa apresentou os duetos concertantes que Gabriel Fernandes da Trindade (c.1799-1854) escreveu para tocar com seu professor Francesco Ignacio Ansaldi, um italiano com quem estudou violino por indicação do Príncipe-Regente. Outro exemplo de música de câmara praticada na sociedade carioca, a composição data provavelmente de 1814. O programa apresentou dois movimentos do primeiro dueto, na interpretação do duo formado por Maria Ester Brandão e Koiti Watanabe.

O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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