Instrumentos de teclado em Concertos UFRJ

A música escrita para os diferentes instrumentos de teclado é o tema desta semana de Concertos UFRJ. Na edição, obras criadas para órgão, clavicórdio, espineta, cravo, pianoforte e piano. Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, o programa vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM, sob o comando de André Cardoso, regente titular da OSUFRJ.

 

O piano é, sem dúvida, o mais difundido dos instrumentos de teclado. Sobretudo a partir do séc. XIX ganhou enorme importância e imensa abrangência. No entanto, ao longo dos séculos, muitos outros instrumentos do gênero foram tão populares como ele e angariaram um repertório estética e numerosamente significativo. É o caso, por exemplo, do órgão - o “rei dos instrumentos”, como Mozart costumava chamá-lo.

podcast

Ouça aqui o programa: 

Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.

 

Órgão de tubos

No órgão o som é produzido pela passagem do ar nos diferentes tubos, de metal e de madeira. O teclado se chama manual e podem ser vários, sendo os mais comuns instrumentos com dois a quatro manuais. Outra característica é que, além dos manuais, ele pode ter uma pedaleira, que é tocada pelo organista com os pés. Há órgãos com milhares de tubos de diferentes tamanhos que produzem uma diversidade enorme de registros, ou seja, diferentes timbres que são escolhidos pelo organista de acordo com a registração da obra.

 

Sendo um dos instrumentos mais antigos da história possui um vasto repertório, mas talvez nenhuma das obras a ele dedicadas seja tão emblemática como a conhecida Tocata e Fuga em Ré menor, BWV 565, de J. S. Bach que serviu inclusive como trilha para o desenho animado Fantasia de Walt Disney. É a obra escolhida por Concertos UFRJ para mostrar um pouco das virtudes do instrumento. A interpretação, a de Marcelo Gianini.

Clavicórdio

Durante a Renascença e o Barroco diversos outros instrumentos de teclado foram praticados. Um deles, o clavicórdio, se desenvolveu por volta do século XV e possuía uma forma retangular, sendo necessário que fosse colocado sobre uma mesa. Na ponta da tecla havia uma pequena lâmina metálica de nome tangente, montada em posição vertical. Quando o músico apertava a tecla a tangente encostava na corda e produzia o som. As vibrações são transmitidas através da ponte(s) para o tampo. O nome é derivado da Clavis palavra latina, que significa "chave" (associado a mais clavus comum, que significa “prego, vara, etc.”.) e corda (do grego ?????) que significa "corda, especialmente de um instrumento musical".

 

O clavicórdio tinha um som pequeno e por isso foi até cair em desuso, sobretudo, um instrumento doméstico, praticado nas residências, mas permitia que o músico modulasse o som fazendo crescendo, diminuendos e até mesmo vibrato. Um exemplo do seu uso é a Ária com variações em sol maior de George Frideric Haendel. A interpretação veiculada é a de Christofer Hogwood.

 
Espineta

Enquanto no clavicórdio o som é produzido pela batida da tangente na corda, em outros instrumentos de teclado ele se origina do pinçamento, ou seja, de um plectro, uma espécie de unha, que belisca a corda. É o caso da Espineta, um instrumento de teclado com caixa de ressonância em formato triangular ou em forma de uma asa. O plectro é feito de pena de pato e colocado na ponta do saltarelo, uma peça de madeira fina com cerca de 10 centímetros de comprimento, que fica apoiada na extremidade da tecla. Uma pequena peça de feltro acoplada na ponta do saltarelo faz a função de abafador, impedindo que a corda continue vibrando após a tecla voltar à posição.

 

A espineta comparada ao clavicórdio é um instrumento de maior sonoridade, mas incapaz de produzir nuances, tocando sempre na mesma dinâmica. O programa destacou a Sonata no. 27 em ré menor de Carlos Seixas, compositor e organista português que viveu no séc. XVII. A interpretação é de Marcelo Fagerlande que toca em um instrumento original de 1785 que faz parte do acervo do Museu Imperial de Petrópolis. São três movimentos: Allegro, Minueto e Allegro.

Cravo

O cravo é, entre os instrumentos de teclado com cordas pinçadas ou beliscadas, aquele que melhor traduz a sonoridade do período barroco. Possui uma caixa de formato triangular, mas com um perfil mais alongado do que a espineta. Normalmente é dotado com mais de um teclado em razão do maior número de cordas e dos acoplamentos que permitem uma pequena variedade de timbres e o acionamento de mais de uma corda.

 

O cravo foi utilizado tanto como um instrumento solista, como, sobretudo, como o principal instrumento para o baixo contínuo na orquestra barroca e os recitativos nas óperas do período. A edição destaca a sonata em mi bemol maior, K 192, de Domenico Sacarlatti, na interpretação do cravista Gustav Leonhardt.

Pianoforte e Piano

São instrumentos de teclado com cordas percutidas. Em ambos o som é produzido por martelos de madeira cobertos com feltro que batem nas cordas quando acionados pelo teclado. O pianoforte e o piano são semelhantes ao clavicórdio, mas diferem no mecanismo de produção de som. Num clavicórdio as cordas são batidas por uma tangente de metal que permanece em contato com a corda. No pianoforte e no piano o martelo afasta-se da corda imediatamente após tocá-la deixando-a vibrar livremente.

 

O pianoforte é o mais direto antecessor do piano moderno que apresenta, em relação a ele, inúmeras melhorias técnicas, aumentando enormemente sua capacidade sonora e expressiva. Um exemplo da sonoridade do instrumento pode ser percebida na interpretação do pianista Paul Badura-Skoda da Sonata no. 50 em Ré maior de Joseph Haydn que usa um pianoforte fabricado em 1790. Os três movimentos são: Allegro com brio, Lento e sostenuto e Presto ma non troppo.

 

O piano, por seu turno, se tornou o instrumento de teclado mais importante a partir do século XIX, quando compositores como Frédéric Chopin e Franz Lisz levaram ao auge suas possibilidades técnicas e virtuosísticas. Para encerrar, o programa veicula, como exemplo, a interpretação do pianista Wladimir Aschkenazy do Scherzo no. 2, op. 31, de Chopin.

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..