176 ANOS FORMANDO MÚSICOS DE EXCELÊNCIA

Concertos UFRJ: A música da América Latina

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.
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{magnify}images/stories/noticias/mapa-america-latina900.jpg|Mapa do séc. XVI{/magnify}Mapa antigo (séc. XVI) da América Latina.

Um passeio pela música colonial da América Espanhola é o convite da edição de Concertos UFRJ, que foi ao ar em sete de fevereiro. No programa, peças dos séculos XVI e XVII compostas em países como Peru, Argentina, Guatemala e México. Resultado de um convênio da UFRJ com a emissora, a série Concertos UFRJ é veiculada toda segunda-feira, às 22h, pela rádio Roquette Pinto, na sintonia 94,1 FM. A condução do programa é de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ).

 

O termo “América Latina” foi usado pela primeira vez, em 1856, por Francisco Bilbao para diferenciar os processos de colonização levados a cabo na região das experiências anglo-saxônicas que se desenvolveram mais ao norte. No mesmo ano, foi adotado pelo escritor colombiano José María Torres Caicedo no poema Las dos Americas. Incongruências semânticas a parte, já que a expressão desconsidera as matrizes pré-colombianas e africanas, é certo que as formas socioeconômicas e os modos étnico-culturais que informam os países desta parte do continente resultam, em larga medida, da expansão ibérica.

 

Com a música não poderia ser diferente, pelo menos no que diz respeito à sua expressão de concerto. Ao serem instalados os primeiros centros urbanos, ela acompanhou os ofícios religiosos e animou as festividades cívicas e populares das comunidades que se iam estabelecendo. No início, produzida quase exclusivamente por europeus que vinham tentar a sorte aqui, logo a seguir, por compositores e músicos nativos, inclusive indígenas aculturados.

 

O resgate desse corpus ainda está em processo, mas aos poucos a crítica vem superando o eurocentrismo das análises apressadas e chamado atenção para a qualidade musical dessas obras, em geral, marcadas pelo barroco ibérico e imbuídas, não raro, do espírito da contrarreforma.

 

Um dos primeiros exemplos dessa produção é o hino processional “Hanacpachap cussicuinin” (A felicidade do céu), escrito em língua quéchua, idioma oficial do Império Inca e amplamente difundido na região andina. Apresentada em Concertos UFRJ, a obra é considerada a mais antiga peça polifônica das Américas. Ela aparece no Ritual Formulario e Institución de Curas (1631), tendo sido escrita por um indígena peruano, cujo nome se perdeu. Aliás, o Peru experimentou à época um importante desenvolvimento cultural que chegou a atrair talentos do Velho Mundo. É o caso de Thomas de Torrejo e Velasco (1644–1728), músico, organista e compositor, que nasceu na Espanha e migeou para a colônia em 1967, tendo sido nomeado mestre de capela da Catedral de Lima uma década depois. Sua obra representa o ápice do villancico – originalmente uma composição profana com estribilho de origem popular e harmonizada para quatro vozes que passou, mais tarde, a ser cantada nas festividades natalinas. Outro compositor importante, este natural do Peru, José de Orejón y Aparicio (1706?-1765), estudou com Torrejón y Velasco e, a seguir, com Roquete Ceruti, compositor milanês e introdutor na colônia do virreinato, o estilo musical do barroco tardio italiano. Foi organista e ocupou igualmente o cobiçado cargo de mestre de capela da catedral de Lima.

 

Já a obra de Domenico Zipoli (1688-1726) é expressão de outra experiência sociocultural: as missões jesuíticas que se estenderam pelo Chaco, região que compreende partes dos territórios paraguaio, boliviano, argentino e brasileiro. Zipoli nasceu na Itália, foi aluno de Alessandro Scarlatti e Bernardo Pasquini e, mais tarde, atuou em Roma como cravista e organista. Em 1717, ordenado, foi enviado para as reduções da América e se tornou um dos mais importantes músicos missionários.

 

A música da América Central também foi um importante nos primeiros séculos de colonização. O programa destaca as obras de Tomas Pascual (1595-1630) e Rafael Antonio Castellanos (c. 1725-1791). Pascual foi mestre de capela da catedral de San Joan na Guatemala e, acredita-se, autor da mais antiga obra musical das Américas com texto em espanhol - uma coleção de villancicos composta em 1600. Castellanos ingressou, em 1745, como violinista na orquestra da catedral da cidade de Santiago de Guatemala, assumindo posteriormente o cargo de mestre de capela.  De sua produção original, 176 obras foram resgatadas e catalogadas. Todas são vocais, para uma a oito vozes, com acompanhamento de dois violinos e baixo continuo e a presença ocasional de outros instrumentos. Além de música sacra, escreveu cantatas e villancicos.

 

É, porém, no México que tem lugar as experiências musicais mais avançadas. Dois compositores são particularmente relevantes. Ignacio de Jerusalem y Stella (c. 1707-1769), italiano de origem, atuou na Espanha durante anos, tendo sido contratado em 1742 violinista e diretor musical do Teatro Coliseu na capital mexicana. Nessa cidade ocupou o cargo de mestre de capela e produziu uma obra que supera algumas características mais pesadas do barroco e denuncia texturas homofônicas.  Mas é Manuel de Zumaya (1678-1755), compositor, organista e diretor de coro, o representante mais prolixo e, possivelmente, o mais importante músico mexicano da época. Ocupou, a partir de 1775, o cargo mestre de capela da Catedral do México, tendo sido o primeiro criollo a galgar tal posição, e, mais tarde, se transferiu para Oaxaca.

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

Programação de Fevereiro

 

Programa 28 – Dia 7 de fevereiro – A música da América Latina 1


Programa dedicado à música da América Latina abordando inicialmente o período colonial, com exemplos da produção musical das colônias espanholas em países como Argentina, Perú, Guatemala e México nos séculos XVII e XVIII.

 

  1. ANÔNIMO (Peru, séc. XVII) – “Hanacpachap cussicuinin” (A felicidade do céu) hino processional em língua quechua com o conjunto Agrupacion Musica e a direção de Enzo Gieco.
  2. Thomas de TORREJON Y VELASCO (Espanha, 1644 – Lima [Peru], 1728)– Vilancico “Quatro plumages ayrosos” com a Cantoria da Basílica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Buenos Aires e a direção de Jesús Gabriel Segade.
  3. José OREJON Y APARÍCIO (Peru, séc. XVII e XVIII) – Vilancico “A la Concepción de Nuestra Señora” com a Cantoria da Basílica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Buenos Aires e a direção de Jesús Gabriel Segade.
  4. Domenico ZIPOLLI (Roma [Itália], 1688 – Córdoba [Argentina], 1726) - Courante para cravo com Antonio Carlos de Magalhães.
  5. Tomas PASCUAL (San Juan [Guatemala], 1595-1630) – Vilancico “Hoy es dia de placer” com o conjunto Agrupacion Musica e a direção de Enzo Gieco.
  6. Rafael Antonio CASTELLANOS (Santiago [Guatemala] ?-1791) – Vilancico “Ausente del alma” com o grupo Chatam Baroque.
  7. Ignácio JERUSALEM (Lecce [Itália], 1707 – Nova Espanha [México], 1769) – “Dixit Dominus” com o conjunto Chanticler, a Chanticler Sinfonia e a direção de Joseph Jennings.
  8. Manuel de ZUMAYA (México, 1678-1755) – “Solfa de Pedro” (1715) com o conjnto Chanticler, a Chanticler Sinfonia e a direção de Joseph Jennings.
  9. Manuel de ZUMAYA (México, 1678-1755) – “Celebren Publiquem” com o conjnto Chanticler, a Chanticler Sinfonia e a direção de Joseph Jennings.

 

Programa 29 – Dia 14 de fevereiro – Grandes mestres da Escola de Música IV: José Siqueira.


Série que dedica um programa por mês a um antigo mestre da Escola de Música. O quarto programa, produzido por Caetano Araújo, aluno do Programa de Pós-Graduação em Música da UFRJ, será dedicado a José Siqueira (1907-1985) compositor paraibano cujas características sertanejas de sua obra trouxeram o nordeste para o centro da musica sinfônica brasileira.

 

  1. Segunda Cantiga para piano com Attilio Mastrogiovanni.
  2. Três Estudos para clarineta e piano com o clarinetista Paulo Passos e a pianista Sara Cohen.
  3. Duas canções: “Vadeia cabocolinho” com a soprano Lia Salgado e Alceo Bocchino ao piano, e "Madrigal" com a soprano Maria Lúcia Godoy e o pianista Murilo Santos.
  4. Primeiro movimento do Concerto para violino e orquestra com o violinista Oscar Borgerth, a Orquestra Sinfônica Nacional e a regência de José Siqueira.
  5. “Toada” para cordas com o Brasil Quarteto da Rádio Roquette Pinto (João Daltro de Almeida e José Alves da Silva nos violinos, Nelson de Macedo na viola e Watson Clis no violoncelo).
  6. “Canto do Tabajara” com a Orquestra Filarmônica Norte/Nordeste e a regência de Aylton Escobar.
  7. Recitativo, ária e fuga para violoncelo e orquestra de cordas com o violoncelista Fábio Presgrave como solista da Camerata Fukuda e a regência de Celso Antunes.

 

Programa 30 – Dia 21 de fevereiro – Especial Carlos Perez (violão)

 

Recital do violonista chileno Carlos Perez no festival “Violão: 30 anos na UFRJ”, gravado ao vivo no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música da UFRJ no dia 6 de outubro de 2010.

 

  1. J. S. BACH – Suíte BWV 1010 (Prelúdio, Alemande, Courante, Sarabande, Bouree 1 e 2 e Giga).
  2. Julio SAGRERAS – “La elegante” (gavota) e “El Chana” (tango).
  3. Antonio LAURO – Três peças: Valsa Venezuelana, Romanza e Pasaje Aragueno.
  4. ANÔNIMO – Quatro canções populares chilenas (arr: Carlos Perez): Tonada, Parabien, Entonacion e Cueca.
  5. Augustin BARRIOS – “Caazapa”.
  6. Antonio LAURO – “Seis por derecho”
  7. Abel FLEURY – “La flor de llanto”

 

Programa 31 – Dia 28 de fevereiro – Ópera “Rita” de Gaetano Donizetti

 

Legítimo exemplar do chamado bel-canto italiano a ópera cômica em um ato “Rita” de Gaetano Donizetti (1797-1848) foi escrita em 1841 mas estreada postumamente, em 1860 em Paris. A história gira em torno de uma espécie de triangulo amoroso inusitado entre Rita e seus dois maridos Gasparo e Beppe. A gravação ao vivo é com a soprano Adelina Scarabelli no papel de Rita, o tenor Pietro Ballo como Beppe e o barítono Alessandro Corbelli como Gasparo. A Orquestra de Câmara Siciliana é regida pelo maestro Federico Amendola.

Correspondência

Escola de Música da UFRJ
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21o andar, Torre Leste
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