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“Dido e Enéas” em Concertos UFRJ

Uma das mais importantes obras do período barroco, Dido e Enéas, ópera em três atos de Henry Purcell, foi apresentada na íntegra na edição especial de Concertos UFRJ, veiculada em 31 de janeiro. Resultado de um convênio da UFRJ com a emissora, a série Concertos UFRJ vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, pela rádio Roquette Pinto, na sintonia 94,1 FM. A condução do programa é de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ).

 

 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

 
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.
  
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 {magnify}images/stories/noticias/didoeeneas1000.jpg|Banquete de Dido e Eneas{/magnify}Banquete de Dido e Eneas em manuscrito do século V.

Dido e Enéas é considerada a primeira ópera nacional inglesa, tendo sido a única escrita por Purcell (1659-1695), um dos maiores compositores britânicos de todos os tempos e mestre do barroco. Ainda que tenha vivido pouco, nos deixou um número expressivo de odes para coro e orquestra, cantatas, canções, hinos, serviços, sonatas de câmara e obras para teclado, além de mais de quarenta peças para música de cena. Henry Purcell alcançou em vida relativo prestígio. Foi nomeado, em 1679, organista da abadia de Westminster e da Chapel Royal, em 1682, além de ocupar cargos importantes em várias instituições musicais londrinas.

 

A ópera foi escrita, em 1689, para o internato feminino Josias Priest, de Chelsea, Londres, a partir de um libretto de Nahum Tate (1652-1715), poeta e dramaturgo inglês. O enredo segue a história de amor entre a lendária rainha de Cartago, Dido, e o refugiado troiano Enéas, narrada no livro IV da Eneida de Virgílio. Quando o mítico herói e sua tropa naufragam em Cartago, ele e a rainha se enamoram. Mas, por inveja, as bruxas conspiram contra os amantes e convencem Enéas a partir, pois seu destino, traçado pelos deuses, é o de fundar uma nova Tróia, a cidade de Roma. Enéas, mesmo blasfemando contra a inclemência dos deuses, aceita seguir viagem e comunica a Dido que partirá naquela manhã. A rainha, esmagada pela dor, imola-se, apesar de Enéas, comovido e mudando o desígnio, afirmar preferir enfrentar a cólera dos deuses a abandoná-la.

 

A partitura é uma obra-prima de concisão e uma modelo para toda ópera de bolso: a orquestra inclui cordas e contínuo, há uns poucos papéis principais e a duração dos seus três atos não ultrapassa uma hora. Nela, Purcell incorporou tanto os desenvolvimentos da escola inglesa do século XVII, como influências musicais continentais. Combina, por exemplo, danças e coros, elementos próprios da tradição francesa, com árias que seguem em geral os modelos das óperas barrocas italianas. Os recitativos, por seu turno, a cavaleiro das tradições francesas e italianas, nada têm de artificial - são livres, melódicos e plasticamente moldados ao texto.

 

A abertura é francesa: um adágio solene inicial dá lugar a uma seção mais animada que introduz a cena. Já os coros homofónicos construídos com base em ritmos de dança, recordam os de Lully, assim como o minueto do coro Fear não danger to ensue ("Não temas os perigos que possam vir”). No entanto, cabe salientar a melodia tipicamente inglesa de Pursue thy conquest, Love ("Persegue tua conquista, Amor") e a do coro Come away, fellow sailors ("Vinde, camaradas de marinheiros"), no início do terceiro ato. Esta alegre e singela canção marinheira carrega evidente matiz popular.

 

Algumas árias da ópera foram construídas sobre um baixo ostinato. A última delas, e a mais importante, é o famoso lamento de Dido: When I am laid in earth ("Quando eu descer à terra"), uma das mais tocantes de todo repertório lírico. Nela, além do ostinato, os intervalos descendentes e as harmonias com retardos intensificam o infortúnio da rainha.

 

O coro final, With drooping wings ("Com asas caídas") parece inspirado no de Vénus and Adonis, de Blow - de quem Purcell foi, aliás, discípulo. Possui forte caráter elegíaco, sugerido pelo uso de escalas menores descendentes e pelas impressionantes pausas após a expressão "never part" ("nunca parta").

 

Na versão transmitida, Ann Murray encarna o papel de Dido, Anton Schartinger o de Enéas, Rachel Yakar é Belinda, Trundeliese Schmidt, a Feiticeira, Elisabeth von Magnus e Helrun Gardow são as Bruxas, Paul Esswood, o Espírito e Josef Köstlinger, o Marinheiro. Participa também da montagem o Coro Arnold Schoenberg, dirigido por Erwin Ortner, e Nikolaus Harnoncourt rege o Concentus Musicus de Viena.

 

As edições do programa Concertos UFRJ podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1). Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

 

Sinopse de Dido e Enéas

 

Personagens

 

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Dido, rainha de Cartago, Soprano.

Belinda, irmã de Dido, Soprano.

Segunda Mulher, Soprano.

Feiticeira, Mezzo-soprano.

Primeira e Segunda Bruxa, Soprano.

Espírito, Mezzo-soprano.

Enéas, príncipe troiano, Tenor.

Um Marinheiro, Soprano ou Tenor.

 

Cortesãos, Marinheiros, Bruxas, Coro, Ballet.

Fúrias, Cupidos, Ballet

   

 

A ação desenrola em Cartago, em época mitológica.

 

Ato I

 

Tudo decorre no Palácio Dido. A rainha conversa com Belinda, sua irmã, sobre o amor que sente por Enéas. Ela o ama e, apesar de acreditar que o casamento com ele traria paz ao reino, suspeita que possa enfraquecê-la como soberana. Belinda retruca que, com as núpcias, Cartago estará segura e Tróia revivera, pois Enéas também a ama. O coro comenta a cena. Enéas entra. No primeiro momento é recebido com frieza, mas Dido acaba cedendo ao amor e o aceita.

 

Ato II

 

Cena 1. A ação desenvolve-se numa gruta. Uma feiticeira trama a destruição de Cartago e de sua rainha e, para isso, convoca o conluio das bruxas. Ela planeja se disfarçar como Mercúrio, mensageiro dos deuses, e lembrar Enéas a ordem de Júpiter de regressar a Itália. O coro se junta às bruxas com comentários e gritos terríveis que evocam uma tempestade. Na dança das Fúrias que encerra a cena as bruxas desaparecem em um trovão.

 

Cena 2. Depois da tormenta, Enéas e seus homens descansam em uma clareira. As bruxas se lançam sobre eles, que se dispersam, deixando-o sozinho. O Espírito da Feiticeira, sob a máscara de Mercúrio, ordena que obedeça aos desígnios de Júpiter e, imediatamente, retome a viagem. Enéas resiste, pergunta como Dido poderá suportar destino tão atroz: amada em um dia, abandonada em outro. Finalmente, se rende.

 

Ato III

 

Cena 1. A ação produz-se no porto de Cartago onde estão sendo feitos os preparativos para levantar âncoras. Ouve-se um coro de marinheiros. A feiticeira trama ainda mais desgraças: Dido deverá morrer, Cartago arder em chamas e os intrépidos troianos naufragarem. A dança das bruxas encerra a cena.

 

Cena 2. No Palácio, a rainha lamenta o destino. Enéas surge para explicar-lhe os motivos da sua partida, mas Dido recusa-os. Enéas comovido muda de opinião e decide permanecer em Cartago, mesmo contra a vontade dos deuses. A rainha o rejeita ainda uma vez mais, por ter pensado em deixá-la e o expulsa. Após a sua saída canta o famoso lamento de Dido. Por fim, se mata. Cupidos surgem entre as nuvens e vigiam seu túmulo, enquanto o coro encerra a ópera.

 

A partitura pode ser encontrada aqui e o libretto original em inglês ou em versão para o espanhol nos respectivos links.

    Programação de Fevereiro

     

    Programa 28 – Dia 7 de fevereiro – A música da América Latina 1

     

     

    Programa dedicado à música da América Latina abordando inicialmente o período colonial, com exemplos da produção musical das colônias espanholas em países como Argentina, Perú, Guatemala e México nos séculos XVII e XVIII.

     

    1. ANÔNIMO (Peru, séc. XVII) – “Hanacpachap cussicuinin” (A felicidade do céu) hino processional em língua quechua com o conjunto Agrupacion Musica e a direção de Enzo Gieco.
    2. Thomas de TORREJON Y VELASCO (Espanha, 1644 – Lima [Peru], 1728)– Vilancico “Quatro plumages ayrosos” com a Cantoria da Basílica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Buenos Aires e a direção de Jesús Gabriel Segade.
    3. José OREJON Y APARÍCIO (Peru, séc. XVII e XVIII) – Vilancico “A la Concepción de Nuestra Señora” com a Cantoria da Basílica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Buenos Aires e a direção de Jesús Gabriel Segade.
    4. Domenico ZIPOLLI (Roma [Itália], 1688 – Córdoba [Argentina], 1726) - Courante para cravo com Antonio Carlos de Magalhães.
    5. Tomas PASCUAL (San Juan [Guatemala], 1595-1630) – Vilancico “Hoy es dia de placer” com o conjunto Agrupacion Musica e a direção de Enzo Gieco.
    6. Rafael Antonio CASTELLANOS (Santiago [Guatemala] ?-1791) – Vilancico “Ausente del alma” com o grupo Chatam Baroque.
    7. Ignácio JERUSALEM (Lecce [Itália], 1707 – Nova Espanha [México], 1769) – “Dixit Dominus” com o conjunto Chanticler, a Chanticler Sinfonia e a direção de Joseph Jennings.
    8. Manuel de ZUMAYA (México, 1678-1755) – “Solfa de Pedro” (1715) com o conjnto Chanticler, a Chanticler Sinfonia e a direção de Joseph Jennings.
    9. Manuel de ZUMAYA (México, 1678-1755) – “Celebren Publiquem” com o conjnto Chanticler, a Chanticler Sinfonia e a direção de Joseph Jennings.

     

    Programa 29 – Dia 14 de fevereiro – Grandes mestres da Escola de Música IV: José Siqueira.

     

     

    Série que dedica um programa por mês a um antigo mestre da Escola de Música. O quarto programa, produzido por Caetano Araújo, aluno do Programa de Pós-Graduação em Música da UFRJ, será dedicado a José Siqueira (1907-1985) compositor paraibano cujas características sertanejas de sua obra trouxeram o nordeste para o centro da musica sinfônica brasileira.

     

    1. Segunda Cantiga para piano com Attilio Mastrogiovanni.
    2. Três Estudos para clarineta e piano com o clarinetista Paulo Passos e a pianista Sara Cohen.
    3. Duas canções: “Vadeia cabocolinho” com a soprano Lia Salgado e Alceo Bocchino ao piano, e "Madrigal" com a soprano Maria Lúcia Godoy e o pianista Murilo Santos.
    4. Primeiro movimento do Concerto para violino e orquestra com o violinista Oscar Borgerth, a Orquestra Sinfônica Nacional e a regência de José Siqueira.
    5. “Toada” para cordas com o Brasil Quarteto da Rádio Roquette Pinto (João Daltro de Almeida e José Alves da Silva nos violinos, Nelson de Macedo na viola e Watson Clis no violoncelo).
    6. “Canto do Tabajara” com a Orquestra Filarmônica Norte/Nordeste e a regência de Aylton Escobar.
    7. Recitativo, ária e fuga para violoncelo e orquestra de cordas com o violoncelista Fábio Presgrave como solista da Camerata Fukuda e a regência de Celso Antunes.

     

     

    Programa 30 – Dia 21 de fevereiro – Especial Carlos Perez (violão)

     

    Recital do violonista chileno Carlos Perez no festival “Violão: 30 anos na UFRJ”, gravado ao vivo no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música da UFRJ no dia 6 de outubro de 2010.

     

    1. J. S. BACH – Suíte BWV 1010 (Prelúdio, Alemande, Courante, Sarabande, Bouree 1 e 2 e Giga).
    2. Julio SAGRERAS – “La elegante” (gavota) e “El Chana” (tango).
    3. Antonio LAURO – Três peças: Valsa Venezuelana, Romanza e Pasaje Aragueno.
    4. ANÔNIMO – Quatro canções populares chilenas (arr: Carlos Perez): Tonada, Parabien, Entonacion e Cueca.
    5. Augustin BARRIOS – “Caazapa”.
    6. Antonio LAURO – “Seis por derecho”
    7. Abel FLEURY – “La flor de llanto”

     

    Programa 31 – Dia 28 de fevereiro – Ópera “Rita” de Gaetano Donizetti

     

     

    Legítimo exemplar do chamado bel-canto italiano a ópera cômica em um ato “Rita” de Gaetano Donizetti (1797-1848) foi escrita em 1841 mas estreada postumamente, em 1860 em Paris. A história gira em torno de uma espécie de triangulo amoroso inusitado entre Rita e seus dois maridos Gasparo e Beppe. A gravação ao vivo é com a soprano Adelina Scarabelli no papel de Rita, o tenor Pietro Ballo como Beppe e o barítono Alessandro Corbelli como Gasparo. A Orquestra de Câmara Siciliana é regida pelo maestro Federico Amendola.

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