176 ANOS FORMANDO MÚSICOS DE EXCELÊNCIA

Marcia Taborda lança DVD que conta a história do violão

"Nos anos de 1920 dizia-se que o violão era o alto-falante da alma brasileira. Quase um século depois, a frase ainda ?tem muito de verdade", afirma a violonista e pesquisadora Marcia Taborda, professora da Escola de Música (EM), onde coordena o Grupo de Pesquisa Núcleo de Estudos do Violão (NEV).

 
Foto: Silvana Marques
 
  
 
 Lançamento no Rio será em 16 de agosto, na Casa do Choro. Paulistanos assistirão à aula-espetáculo em 18 de agosto, no Sesc Bela Vista.
  
A musicóloga se prepara para fazer dois lançamentos do DVD "Viola & Violão em terras de São Sebastião": em 16 de agosto, às 19h, na Casa do Choro, no Rio de Janeiro, com ingressos a R$ 40 (O DVD vai de brinde); e em 18 de agosto, às 19h30, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, em São Paulo, com entrada gratuita. 

 

Marcia reuniu um farto material na pesquisa e toda essa viagem ao túnel do tempo vem acompanhada por obras musicais executadas com base nas gravações originais. O violão se consolidou na música popular brasileira ao assumir o papel de um importante instrumento de harmonia, que hoje serve de acompanhamento para os principais gêneros da nossa música popular.

 

O seu uso sempre foi abrangente. Por exemplo, muito antes da estética bossa-novista, que consagrou internacionalmente a sonoridade cadenciada de "um cantinho, um violão", presente nos versos de "Corcovado", do maestro Tom Jobim, o violão foi um pilar de gêneros nascidos antes, como modinhas, lundus, choros e maxixes. E seguiu reafirmando o seu valor ao desenhar as batidas do samba, do samba-canção e da bossa-nova. Para desvendar as origens da viola e do violão no Brasil, e especificamente no Rio, a pesquisadora percorreu diversos acervos históricos, nos quais encontrou relatos de viajantes, fontes hemerográficas, iconográficas e registros musicais, em locais como o Centro Cultural do Banco do Brasil e Museu Imperial de Petrópolis, e, principalmente, a Biblioteca Nacional. "Desde os primeiros tempos da colônia, o violão se tornou um fiel depositário das emoções do povo brasileiro", diz Marcia Taborda, também autora do livro "Violão e identidade nacional: Rio de Janeiro 1830-1930", lançado pela Civilização Brasileira, em 2011.

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Marcia Taborda na Casa do Choro:Marcia Taborda no Sesc São Paulo:
QUANDO: 16 de agosto, às 19h
ONDE: Casa do Choro - Rua da Carioca, 38, Centro do Rio de Janeiro
QUANTO: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada). Cada ingresso dá direito a um DVD
E MAIS: O teatro dispõe de 120 lugares e a censura é livre
QUANDO: 18 de agosto, às 19h30
ONDE: Centro de Pesquisa e Formação do Sesc - Rua Dr. Plínio Barreto, 285 / 4 andar, em Bela Vista
QUANTO: Entrada franca mediante inscrição prévia
E MAIS: os participantes receberão o DVD
O título recebeu o Prêmio Funarte de Produção Crítica em Música, em 2010, e foi inspirado na sua tese de doutorado, desenvolvida no Departamento de História Social da UFRJ, que teve como orientador o historiador José Murilo de Carvalho. Marcia é mestre em violão pela UFRJ, com dissertação sobre o violonista Dino Sete Cordas, produzida sob supervisão do renomado violonista Turíbio Santos. Marcia foi pesquisadora residente da Fundação Biblioteca Nacional em 2015 e 2016, e acaba de concluir o projeto "O violão na corte imperial". Além da aula de história da música, o DVD "Viola & Violão em terras de São Sebastião" traz interpretações de Marcia Taborda. No roteiro, estão as obras "Guardame las vacas" (Luys de Narváez, famoso tema da Renascença espanhola, tocada em um instrumento de época), "Isto é bom" (Xisto Bahia, a partir da gravação original de Eduardo das Neves), "Corta-Jaca" (Chiquinha Gonzaga, com o arranjo garimpado do caderno de músicas de Nair de Teffé), "Cordão de Prata" (Brasílio Itiberê, como executado por Olga Praguer Coelho), "Abismo de rosas" (Américo Jacomino, a partir da gravação original dele), "Graúna" (João Pernambuco), "Estudo nº 8" (Heitor Villa-Lobos) e "Vivo sonhando" (Garoto, inspirada em Raphael Rabello).

Três mulheres, três descobertas

Entre as descobertas valiosas de Marcia Taborda, destaque para uma carta manuscrita da imperatriz Leopoldina (1797-1826), em janeiro de 1818, destinada ao irmão Francisco I, que vivia na Áustria. A imperatriz relata o estudo do violão como parte da sua rotina diária na casa de São Cristóvão, ao lado do marido Dom Pedro I: "(...) À uma hora estudo violão e, com o meu esposo, piano; ele toca viola e violoncelo, pois toca todos os instrumentos, tanto os de corda como os de sopro; talento igual para música e todos os estudos, como ele possui, ainda não tenho visto (...) É este, todos os dias, o meu modo de viver". O violão também fez parte da rotina de outra mulher da alta sociedade do seu tempo: Nair Teffé (1886-1981), mulher do presidente Hermes da Fonseca. Nair apresentou no Palácio do Catete o tema "Gaúcho", de Chiquinha Gonzaga, conhecido como "Corta-Jaca", um ritmo sensual que escandalizou a sociedade da época e gerou um pronunciamento crítico de Rui Barbosa, em novembro de 1914. Para alfinetar o rival político, ele atacou o "Corta-Jaca" como"a mais baixa, a mais chula e grosseira de todas as danças selvagens". Essa história, que já entrou para o folclore da música popular brasileira, é recontada por Marcia com um diferencial. "Na verdade, Nair escolheu a música a fim de prestigiar composições nacionais, escritas em português", enfatiza. No DVD, ela interpreta a partitura original, que está no caderno de músicas da ex-primeira-dama – que, ao contrário do que se pensava, executou um solo de violão. Mais uma mulher fecha a trilogia de descobertas importantes da pesquisadora. A violonista Olga Praguer Coelho, para quem Villa-Lobos criou a versão da "Bachianas número 5". "Os violonistas que fizeram a história da música carioca na verdade vieram de diversas cidades do país para o Rio. João Pernambuco, Dilermando Reis, Garoto, Turíbio Santos e João Gilberto desenvolveram as suas carreiras transitando pelas rádios, casas de espetáculos e estúdios cariocas. A obra para violão de Heitor Villa-Lobos também é um marco dessa época. Olga, nascida em Manaus, era uma senhora da sociedade que se casou com o mestre Andrés Segovia, completava esse cenário", conta a pesquisadora.

Correspondência

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