Foto: Ana Liao/Reprodução | |
ACIMA, Andrea Adour. Abaixo, Ary Barroso em foto emblemática. |
Sob a forma de recital-palestra, o evento está marcado para as 18h30, na Sala da Congregação. A entrada é franca. "O formato, destaca Andrea Adour, coordenadora do projeto Africanias, permite ao público conhecer o repertório abordado mais profundamente, pois além da parte artística, são também apresentados os resultados das pesquisas relativos às peças executadas". Ary Barroso (1903-1964) nasceu na mineira Ubá, onde frequentou o Ginásio local e aprendeu teoria musical, solfejo e piano com uma tia. Foi em um visita à cidade que a pesquisadora teve a ideia de estudar o compositor. – Estive na inauguração (em 2014) do Museu Ginásio São José, onde estudou Ary. Uma das salas foi dedicada à memória afro-brasileira e dos povos indígenas. Decidi, desde então, que gostaria de investigar a presença de africanias na obra deste compositor, que é imensa, com mais de 250 canções. Nossa análise mostra que as africanias são uma constante no seu trabalho, inclusive no âmbito do léxico.
Africanias
Africanias é um projeto ligado ao projeto mais amplo Africanias na Música Vocal Brasileira e a Relação Brasil-África, que integra a linha de pesquisa Musicologia do Programa de Pós-Graduação em Música (PPGM). A escolha do termo foi inspirado no trabalho da etnolinguista Yeda Pessoa de Castro, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para Castro, que desenvolveu uma série de pesquisas sobre a participação da cultura africana na constituição no português falado no País, "podemos entender marcas de africanias como a bagagem cultural submergida no inconsciente iconográfico do contingente humano negro-africano entrado no Brasil em escravidão, que se faz perceptível na língua, na música, na dança, na religiosidade, no modo de ser e de ver o mundo, e, no decorrer dos séculos, como forma de resistência e de continuidade na opressão, transformaram-se e converteram-se em matrizes participes da construção de um novo sistema cultural e linguístico que se identifica como brasileiro." (Yeda Pessoa de Castro, Africanias.com, 2011). – Enquanto cantora e professora do Departamento Vocal, afirma Adour, julguei importante a elaboração de um projeto que desse visibilidade à presença da matriz africana na música vocal brasileira, tanto no âmbito do léxico, quanto prosódico e musical. Nesse semestre trabalhamos Mignone, com a turma do bacharelado, e Ary Barroso, com a da licenciatura. Há alunos do mestrado investigando as canções ligadas às Festas do Boi, além das obras do compositor Waldemar Henrique e as ópera de João Guilherme Ripper. O grupo de pesquisa se voltará agora para a obra do Villa-Lobos. Enfim, ainda há muito o que ser analisado. Entre os objetivos projeto está a elaboração de um importante vocabulário de termos africanos e africanias presentes na música vocal brasileira. A ideia é auxiliar os intérpretes na execução desse repertório, muitas vezes mal compreendido, por causa do desconhecimento das expressões e tradições que o cercam, e chamar atenção para o grande número de canções que fazem uso desse manancial. – Os intérpretes muitas vezes se deparam com obras cujo léxico pertence à outra língua, sobretudo naquelas canções que surgerem recolha de ambientes religiosos. Boa parte desse vocabulário se origina de línguas como fon e yorubá. O dicionário não contempla tais termos, nem as modificações na língua portuguesa, tanto no léxico como na sintaxe, decorrentes do contato com as línguas africanas. Muitas vezes, infelizmente, os intérpretes desistem do repertório brasileiro por causa disso. Com o vocabulário esperamos minimizar esses problemas.
Recital Africanias em Ary Barroso Escola de Música da UFRJ 21 de julho de 2016, 18h30 Sala da Congregação PROGRAMA Oficina de Canto III Orientação: Andrea Adour Projeto Africanias Teus oio Nosso amor veio de um sonho Voz: Vivian Froes Deixa o mundo falar Voz: Alex Cadilho Pra machucar meu coração Voz: Anne Caroline de Oliveira Por causa desta Cabocla Voz: Ullisses Areias Caco Velho Voz: Rhuan Enciso Folha Morta Voz: Gabriel Barbé Na Baixa do Sapatiero Voz: Jonatas Conrado e Nierison Mendes Bahia Voz: Anderson Azevedo Morena Boca de Ouro Voz: Juliana Catinin Isto é o que é Voz: Anderson Brisan Camisa amarela Voz: Tony Silva Na Batucada da vida Voz: Marcelo Né Rancho Fundo Voz: Biafra Aquarela do Brasil Voz: Daniel Martins, Carine Lemos, Caroline Rocha, e Danielle Sardinha Violão: Eduardo Camenietzki, Tony Silva e Marcelo Né Cavaquinho: Rhuan Enciso Percussão: Alex Cadilho, Anderson Azevedo e Daniel Martins Clarinete: Jonatas Conrado |
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