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Bandolim e cavaquinho são destaques no Dia Nacional da Música Clássica

A Escola de Música (EM) abre no dia 5 de março a sua temporada de eventos com um concerto integralmente dedicado às cordas dedilhadas. Em destaque, obras inéditas para bandolim e cavaquinho, instrumentos que ingressaram há pouco no mundo acadêmico. O primeiro curso de bandolim do país foi inaugurado em 2010 na UFRJ, o de cavaquinho dois anos depois na mesma universidade. O espetáculo, que acontece no Salão Leopoldo Miguez, às 19h, comemora o Dia Nacional da Música. A data, criada em 2009, lembra o aniversário de Heitor Villa-Lobos. A entrada é franca.
  Foto: Rafael Reigoto
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 Compositores das peças e instrumentistas da Camerata de Cordas Dedilhadas da UFRJ.
Com uma trajetória marcante no choro, no samba e em outros gêneros populares, o bandolim e o cavaquinho fazem parte também do universo da música de concerto. Nascido na Itália, o bandolim foi amplamente utilizado no período Barroco e Clássico, ainda que em seu formato napolitano. Compositores do calibre de Vivaldi, Pergolesi, Paisiello, Hummel, Mozart e Beethoven escreveram obras importantes para ele. Criadores modernos como Mahler e Prokofiev o incluíram em obras sinfônicas e balés. No Brasil, teve entre seus defensores Radamés Gnattali, o primeiro a adotar o cavaquinho em uma peça clássica, em suas Variações sem tema, com acompanhamento de piano. O enorme sucesso do bandolim e do cavaquinho na música popular inibe até certo ponto a incorporação deles à produção clássica, opina Roberto Macedo cuja Sonatina para bandolim e piano será apresentada. - Nossa formação acadêmica e nossa vivência musical são mais próximas da tradição musical europeia que prioriza os instrumentos de arcos, alguns de sopro e a formação sinfônica. Embora o bandolim faça parte da música europeia, nós o vivenciamos como vinculados estritamente à música popular urbana. A dificuldade é superar esta visão. Isto é, lidar com o bandolim fora do ambiente popular. A sonatina de Macedo é a única das sete peças que já foi ouvida pelo público: executada por Kleber Vogel, integrou seu recital de formatura, em 2013. As demais são inéditas. Todas foram encomendadas pelo diretor da Escola, o maestro André Cardoso, com o objetivo de ampliar o ainda modesto repertório clássico desses instrumentos. Para valorizar ainda mais esse esforço, a EM criou a Camerata de Cordas Dedilhadas da UFRJ, conjunto que reúne Paulo Sá (bandolim), Henrique Cazes (cavaquinho), Marcus Ferrer (viola de dez cordas), Celso Ramalho (violão requinto), Bartholomeu Wiese (violão de seis cordas), Marcello Gonçalves (violão de sete cordas) e o convidado Beto Cazes (percussão). O concerto, dividido em três partes, começa com obras camerísticas. Além da peça de Macedo, apresenta-se a Sonatina para cavaquinho e piano de Alexandre Schubert e Primogênese para bandolim, cavaquinho e violão, de Carlos Almada. Na parte orquestral, estão reunidos o Concerto para bandolim e cordas, de Sérgio Di Sabbato, e o Concertino para cavaquinho e cordas, de Ernani Aguiar. Na primeira, Paulo Sá é solista e, na segunda, Henrique Cazes estará à frente do naipe de cordas da Orquestra Sinfônica da UFRJ, conduzida por André Cardoso. A parte final marca a estreia da Camerata de Cordas Dedilhadas que executará Chorata nº1, de Carlos Almada, e Goiabeira, de Marcus Ferrer. Um dos compositores convidados, Schubert sublinha que não basta ampliar o número de peças dedicadas ao bandolim e ao cavaquinho, é preciso ir mais além e incorporar a sonoridade deles às tradições estéticas da música de concerto. - Ao compor tive que adaptar a linguagem do cavaquinho à forma tradicional da sonata. Pensei, então, mais no seu timbre. Ela é uma peça de concerto, erudita, dentro da linguagem da música contemporânea, sem citações a temas populares. A preocupação em expandir a linguagem do cavaquinho também está presente no concertino escrito por Ernani Aguiar, o primeiro do gênero. - Calhou de ser o primeiro, brinca. Sou compositor, o que me encomendam faço. O maestro Cardoso comentou que todo mundo esperava uma seresta, um samba, um choro. “Não faça isso, Ernani, faça diferente”, pediu. Fiz então um concerto italiano, que está mais para Vivaldi do que para o Brasil. Não tem nada de brasileiro nele. Isso já cria impacto, todo mundo espera um concerto brasileiro e não vem. 
 

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