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Concertos UFRJ: Bicentenário de Verdi

A edição da semana de Concertos UFRJ homenageia o bicentenário de nascimento do compositor italiano Giuseppe Verdi, um dos mais importantes autores de óperas de todos os tempos. No repertório da audição, trechos de Nabucco, Rigoletto, Il Trovatore e La Traviata, obras que continuam a frequentar os melhores teatros líricos e a encantar o público.

 

Giuseppe Verdi nasceu em 10 de outubro de 1813 em Roncole di Busseto, província de Parma, na época sob domínio francês. De famíla humilde, cedo revelou interesse pela música. Aos 12 anos já era o organista da igreja de sua cidade natal e escrevia suas primeiras obras.

  
 
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Ouça aqui o programa: 

 
 
Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!
Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.
  

 

Sob a proteção do comerciante Barezzi, que lhe financiará os estudos, segue para Milão. Apesar de ser recusado pelo Conservatório, estuda com professores particulares.

 

Em 1836 casa-se com Margherita, a filha de seu mecenas. A família logo muda para Milão, quando o compositor orienta a carreira para o teatro. Em fevereiro de 1839 apresenta no La Scala a ópera Oberto, com razoável sucesso. Sobreveio então a tragédia que o marcará para toda a vida: após perder os dois filhos pequenos, Margherita morre em 1940.

 

Deprimido, Verdi pensa em abandonar a música. A sua sorte muda com Nabucco, escrita em 1842, que alcança ruidoso sucesso. O enredo, que conta o cativeiro judaico na Babilônia, incendiou a imaginação dos contemporâneos, que viram nele uma metáfora da opressão austríaca sobre o norte da península. Com impressionantes árias de soprano e o melancólico coro dos escravos do terceiro ato (o famoso "Vá pensiero") a música de Verdi se concerte em pouco tempo em símbolo da luta pela unificação italiana.

 

Estando Rossini aposentado e Donizetti radicado em Paris, Verdi passa a cocupar o trono da ópera italiana. Todos querem suas obras e o compositor não para de escrevê-las. São 20 óperas em cerca de 17 anos, que mais tarde chamaria de seus "anos de galés", para teatros na Itália, Londres e Paris. Foi em Paris, aliás, que conheceu Giuseppina Strepponi, que cantara em Nabucco cinco anos, e com quem casará em 1850.

 

É desse período também a sua "trilogia popolare": as óperas Rigoletto (1851), Il Trovatore (1853) e La Traviata (1853) que são os maiores sucessos de Verdi.

 

Romantismo singular

 

  
 
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A crítica se insurgiu, porém, contra essa extraordinária popularidade, considerando as três obras vulgares e inspiradas em um falso romantismo. Não percebeu a riqueza da invenção melódica e os elementos realistas que renovam a tradição operística, inflada então por temas mitológicos ou históricos. Verdi dá vida a personagens prosaicos: um corcunda (Rigoletto) e a uma cortesã (em La Traviata). Em termos estritamente musicais nelas há trechos de uma riqueza extraordinária.

 

O romantismo de Verdi é, cabe mencionar, singular: ele crê na capacidade redentora do amor, tem simpatia pelos humilhados e ofendidos, protesta contra as injustiças e concede aos finais um caráter profundamente trágico.

 

Os aspectos dramáticos da trama estão sempre no centro de suas preocupações. Por exemplo, ao discutir o elenco para Macbeth, sua ópera de 1847, pede uma cantora "de voz um tanto rude, rouca e triste, com algo de diabólico em si" para o papel título, recusando sopranos com registros mais suaves e mais dotados.

 

Maturidade

 

 Foto: Reprodução
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 Funeral de Verdi. 20 mil pessoas seguiram o cortejo cantando o "Va pensiero", de Nabucco.

A qualidade das obras iniciais se repetirá nos trabalhos da maturidade: Un ballo in maschera (1851), La forza del destino (1862) e Don Carlo (1867), um sombrio drama histórico.

 

Para a abertura do canal de Suez lhe foi encomendada a ópera Aida (1871), um de seus grandes triunfos. Na velhice, comporá um Réquiem (1874) apaixonado e místico, escrito em homenagem a seu grande amigo, o romancista e poeta Alessandro Manzoni. Já com a idade de oitenta anos escreverá Otello (1887), baseado na tragédia homônima de Shakespeare e talvez sua criação mais trágica. Falstaff (1893), quase uma ópera-bufa, é seu último trabalho para o teatro, um olhar irônico de um gênio que se despede dos palcos e da vida.  Suas últimas obras são quatro peças sacras: Ave Maria, Stabat Mater, Laudi e Te Deum.

 

O compositor morrerá em 27 de janeiro de 1901, em Milão. Seu funeral comoveu a Europa. Deixou a enorme fortuna para uma fundação destinada a socorrer músicos pobres.

 

Repertório

 

A edição apresentou trechos de Nabucco, Rigoletto, Il Trovatore e La Traviata.

 

De Nabucco, Coro dos escravos hebeus ("Vá pensiero"), com o Coro e Orquestra da Ópera de Berlin. A regência é de Giuseppe Sinopoli e a gravação, de 1982.

 

A seguir, o início do terceiro ato do Rigolleto com o famosa ária "La donna è mobile" e o quarteto formado pelos personagens Rigolleto, Gilda, o Duque de Mântua e Madalena. A gravação de 1971 traz o barítono Sherrill Milnes, o soprano Joan Sutherland, o tenor Luciano Pavarotti e o mezzo-soprano Huguette Tourangeau. A orquestra é Sinfônica de Londres sob a batuta de Richard Bonynge.

 

Do Il Trovatore o programa apresentou "Tacea la notte placida", ária de Leonora, cantada pelo soprano Joan Sutherland; "Stride la vampa", ária de Azucena, com a mezzo-soparano Marilyn Horne; e o stretto "Di quella pira l'orrendo foco", ária de Manrico, com o tenor Luciano Pavarotti. A gravação de 1976 tem Richard Bonynge regendo a National Philharmonic Orchestra e o London Opera Chorus.

 

Por fim, de La Traviata foram ao ar trechos do segundo ato. Com destaque para "De' miei bollenti spiriti", ária de Alfredo Germont, com o tenor Plácido Domingo; "Pura siccome un angelo", ária de Giorgio Germont, com o barítono Sherrill Milnes; e o dueto com Violetta Valery, interpretada pelo soprano Ileana Cotruba?. A orquestra é a da Ópera Estatal da Bavieca, conduzida por Carlos Kleiber. A gravação é de 1976.

 

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O programa radiofônico Concertos UFRJ, resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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