176 ANOS FORMANDO MÚSICOS DE EXCELÊNCIA

O mundo das trilhas sonoras em Concertos UFRJ

O programa desta semana destaca duas peças que fizeram parte de trilhas sonoras de filmes famosos e, ao mesmo tempo, entraram para o repertório de concerto: “Um americano em Paris”, de George Gershwin; e “Alexander Nevsky”, de Serguei Prokofiev. Obras contrastantes, tanto quanto aos aspectos formais e musicais, como pelas circunstâncias em que foram criadas e intenções subjacentes.

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.

Gershwin

 

“Um americano em Paris” foi composto por encomenda da Orquestra Filarmônica de Nova York, em 1928, como uma espécie de poema-sinfônico que, segundo Gershwin, procura representar as impressões de um norte-americano ao conhecer a Cidade Luz. Temas característicos evocam o turista passeando pelos Champs-Elysées, sentando em um café no Quartier Latin em uma tarde parisiense, flanando pela capital francesa. Em certo momento, um blues nostálgico evoca os Estados Unidos, para logo a seguir ser interrompido por um charleston que retoma o clima frenético de Paris. É uma música leve, brilhante e contagiante, típica do autor da “Rapsody in Blue”.

 

Mais de duas décadas depois, em 1951, Vincent Minnelli incorporou várias canções de Gershwin à trilha sonora de um filme que dirigiu, protagonizado por Geny Kelly e Leslie Caron. Entre elas, “Um americano em Paris”, música adotada com certas liberdades para o número de dança central, o clímax da obra, que dura 16 minutos.  O musical, considerado um dos 25 melhores da história do cinema norte-americano, acabou recebendo o mesmo título da composição de Gershwin e ganhou nada menos que seis estatuetas do Oscar, incluindo as de melhor filme e melhor trilha. A gravação apresentada em Concertos UFRJ foi a da Orquestra Sinfônica de Chicago com a regência de James Levine.

 

Prokofiev

 

Já a cantata “Alexander Nevsky”, de Serguei Prokofiev, seguiu um percurso inverso. O compositor primeiro escreveu a trilha sonora para o filme de mesmo nome de Sergei Eisenstein e, mais tarde, extraiu dela sete movimentos para compor a peça. São duas obras grandiosas, o filme e a música. Curiosa parceria entre dois gênios, que colaborariam ainda nas duas partes de “Ivan, o Terrível”. Prokofiev ia todas as noites à casa de Eisenstein assistir às tomadas do dia e adequar a partitura. Por outro lado, há cenas, como confessou Eisenstein, que foram propositadamente montadas de acordo com a música de Prokofiev.

Fotograma: Reprodução
EisensteinBatalhaNoGelo 
Início da famosa sequência da Batalha do Gelo no filme de Eisenstein.

 

Como muitos dos melhores filmes de Eisenstein, “Alexander Nevsky” foi concebido como alegoria à situação política da União Soviética, então sob ameaça da Alemanha de Hitler. A trama se passa no século XIII. Em 1242, a Rússia sofria constantes invasões dos cavaleiros teutônicos, que haviam dominado a cidade Pskov, quando o príncipe Alexander Nevsky (vivido por Nicolay Cherkassov) se engaja na resistência armada e é aclamado comandante.

 

Depois de vários fracassos Nevsky e seu exército de camponeses conseguem finalmente vencer as tropas inimigas na batalha do Lago Peipus (conhecida como “A Batalha do Gelo”). Numa sequencia hoje considerada antológica, o heroísmo das tropas russas é sublinhado pela magnífica música de Prokofiev: o ímpeto guerreiro da cena permitiu que compusesse uma de suas melodias e orquestrações mais “bárbaras”.

 

Ironicamente, porém, o filme foi retirado de circulação, a mando de Stalin, por ocasião da assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, em 1938, logo após ser finalizado. Em 1941, com a invasão dos exércitos nazistas, a situação política mudou drasticamente e a obra voltou às telas com enorme sucesso, tanto na URSS como internacionalmente.

 

Em 1939 Prokofiev reuniu alguns dos trechos principais de sua composição dando a ela o formato de uma cantata (Op. 78) para solo de mezzo-soprano, coro e orquestra; como, aliás, a costuma ser executada nas salas de concertos. Das 21 partes originais, o compositor selecionou sete: “A Rússia sob domínio mongol”; “A canção de Alexandre Nevsky”; “Os cavaleiros teutônicos em Pskov”; “As armas do povo russo”; “A Batalha do Gelo”; “Os campos da morte” e “A entrada de Alexandre Nevsky em Pskov”. A interpretação veiculada foi a de Elena Obraztsova, com o Coro e a Orquestra da Sinfônica de Londres, sob direção de Claudio Abbado.

 

Concertos UFRJ resultam de um convênio da UFRJ com a rádio Roquette Pinto, indo ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM. Apresentado por André Cardoso, regente titular da OSUFRJ, as edições podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

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