176 ANOS FORMANDO MÚSICOS DE EXCELÊNCIA

Três famílias de músicos

Concertos UFRJ já dedicaram toda uma edição aos Bach, um clã que gerou inúmeros músicos importantes em um período que vai do barroco, no séc. XVI, a meados do séc. XIX. Apesar de, inegavelmente, representarem a mais espetacular concentração de talento jamais registrado em uma família, não foram o único caso na história do Ocidente. O programa desta semana destaca compositores de sobrenome Gabrieli, Scarlatti e Stamitz - outras três dinastias notáveis, as duas primeiras na Itália a outra na Alemanha, que marcaram a trajetória musical.

 

Gabrieli

 

A família italiana Gabrieli produziu dois músicos notáveis ao longo do séc. XVI - Andrea e Giovanni, tio e sobrinho.

 

 

podcast

Ouça aqui o programa: 

Toda segunda-feira, às 22h, tem "Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acompanhe pela internet!

Programas anteriores podem ser encontrados na seção Concertos UFRJ.

Andrea Gabrieli (c. 1533-1585) é figura chave na música da alta Renascença. Nasceu em Veneza e sua produção denota a influência dos mestres flamengos, tendo estudado com Adrian Willaert, um dos músicos mais representativos da geração dos compositores nórdicos que migraram para a Itália e transplantaram o estilo para lá.

 

Por volta de 1557/8, Andrea se estabeleceu como mestre de capela da Catedral de São Marcos. Foi um dos expoentes da chamada Escola Veneziana, que cultivou um estilo polifônico e policoral complexo - uma música escrita em muitas vozes, com a participação de um ou mais grupos corais e acompanhamento instrumental, com destque para os metais. Deixou numerosas composições de música sacra (motetos, salmos, missas, um "Glória" a 16 vozes e um outro) e profana (quase 250 madrigais). Dentre suas composições instrumentais sobressaem as tocatas para órgão, as canções, os ricercari e a música de conjunto.

 

Andrea formou seu sobrinho Giovanni Gabrieli (c. 1554-1612), que o sucedeu, como primeiro organista da catedral veneziana, tendo ocupado este cargo até o fim dos seus dias. Salvo um período de quatro anos na corte de Munique, sua carreira transcorreu naquela cidade e sua produção levou a escola musical veneziana ao apogeu, com partituras inovadoras e de grande poder expressivo.

 

Suas 14 Canzone, suas duas Sonate, e sobretudo a coleção de Sa­crae Sym­pho­niae (1597) inauguram uma série de composições elaboradas a partir de diversas e complexas combinações vocais e instrumentais, que vão desde o madrigal sacro até o motete concertado, com inclusão de movimentos e sinfonias, confiados unicamente ao conjunto instrumental. O resultado são obras espetaculares, de uma riqueza sonora e expressiva desconhecida até então.

 

Scarlatti

 

Ainda na Itália, mas já no barroco, outra família de músicos merece destaque - a dos Scarlatti.

 

Reprodução
DomenicoScarlatti-200
Domenico Scarlatti
Foram duas gerações de compositores proeminentes. A primeira, formada pelos irmãos Francesco (1666 - c.1741) e Alessandro Scarlatti (1660-1725). A segunda, pelos filhos do último: Domenico (1685-1757) e Pietro Filippo Scarlatti (1679-1750).

 

 

Da primeira, Alessandro Scarlatti foi sem dúvida o mais importante, sendo um dos inauguradores de chamada Escola Napolitana de ópera, gênero ao qual aportou mais de uma centena de títulos. Além de 150 oratórios e mais de 500 cantatas, produziu também bastante música instrumental, com destaque para as suas sinfonias e seus concerti grossi.

 

Domenico Scarlatti é o expoente da segunda geração de compositores desta família e, embora tenha escrito todo gênero de música, se notabilizou pela enorme produção para teclado. Deixou mais de 500 sonatas para cravo em um estilo mais leve e homofônico que seus contemporâneos barrocos, o que prenuncia o período clássico.

 

A moderna técnica para teclado deve muito à sua influência. Algumas de suas obras possuem uma audácia harmônica tanto no uso de dissonâncias ou aglomeados de acordes, no uso inovador de modulações não convencionais e tonalidades remotas. Scarlatti também foi pioneiro no domínio do ritmo e da sintaxe musical: síncopes e ritmos cruzados são comuns em sua música.

 

Stamitz

 

Já os Stamitz são de origem tcheca que exerceram influência, sobretudo, na cena musical da Alemanha, região para a qual migrou um ramo da família.

 

Reprodução
CarlStamitz200
Carl Philipp Stamitz

O violinista Johann Stamitz (1717-1757) é amplamente reconhecido, ao lado de Johann Christian Cannabic e Franz Richter, como fundador da chamada de Escola de Mannheim. Um movimento cuja contribuição foi significativa para o estabelecimento da música instrumental pré-clássica e introduziu inovações decisivas, acabando por influenciar compositores mais jovens como Mozart. Apesar de uma vida bastante breve, Johann produziu uma obra extensa e de qualidade: entre elas 72 sinfonias em que adota sistematicamente a forma em quatro movimentos, acrescentando um minueto ou trio aos três até então usuais.  

 

Dos seus filhos, Anton (1750 - 1789/1809) e Carl Philipp Stamitz (1745-1801), ambos compositores, as partituras deste último alcançaram maior notoriedade, sendo ainda hoje executadas com regularidade. Carl foi um dos mais prolíficos compositores da Escola de Mannheim, tendo escrito mais de 50 sinfonias, 38 sinfonias concertantes e 60 concertos. Dessa enorme produção chamam atenção as suas peças para clarineta, instrumento criado uns poucos anos antes e para o qual dedicou produção numerosa e significativa.

 

Resultado de um convênio da UFRJ com a Roquette Pinto, Concertos UFRJ vão ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94.1 FM, sob o comando de André Cardoso, docente da Escola de Música (EM) e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). As edições anteriores  podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).

 

Contatos através do endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

 

Repertório do Programa

  • Giovanni Gabrieli, Glória a 16, na interpretação do Gabrieli Consort & Players, sob a direção de Paul McCreesh.
  • Giovanni Gabrieli, Jubilate Deo, Coro do King's College, Cambridge, regência de Stephen Cleobury.
  • Alessandro Scarlatti, Concerto no 3 em Fá Maior, com a Accademia Bizantina sob o comando de Ottavio Dantone.
  • Domenico Scarlatti, Sonata em Lá Maior, K 208, com Gustav Leonhardt.
  • Johann Stamitz, Trio em Lá Maior, Op. 1, no 2, Concertus Musicus Vienna, sob direção de Nikolaus Harnoncourt.
  • Carl Philipp Stamitz, Concerto para clarineta, no 3, em Si Bemol, Sabine Meyer e a Academy of St. Martin-in-the-Fields, sob a regência de Iona Brown.

Correspondência

Escola de Música da UFRJ
Edifício Ventura Corporate Towers
Av. República do Chile, 330
21o andar, Torre Leste
Centro - Rio de Janeiro, RJ
CEP: 20.031-170

  Catálogo de Setores (Endereços, telefones e e-mails)